PADRE REGINALDO MANZOTTI (boletim informativo - 28 de dezembro)

Filhos e filhas,

 Feliz Natal!

Sim, liturgicamente, ainda estamos celebrando o Natal do Senhor. E nessa semana da virada, nos últimos dias de 2022, ainda imersos na espiritualidade do Natal, quando Deus se fez criança e escolheu nascer no seio de uma família.

A Luz verdadeira, que é Jesus, já está entre nós e deve estar também na família, para que a família volte a ser o que é: uma transmissora de vida e fé. Isso faz parte da mensagem que podemos aprender nesse tempo de Natal.

Família volta a ser o que tu és, um lugar da presença de Deus. E Deus está, muitas vezes, no silêncio de uma consciência em paz de quem busca a Deus, de um pai e uma mãe que pedem discernimento, no silêncio de uma família que dá as mãos e reza. Numa cumplicidade de um marido e mulher, porque Deus raramente vai falar quando há muito barulho, mas não estou falando de um barulho externo e sim de um barulho interior, que ensurdece quando não aquietamos a alma e serenamos os sentimentos.

Família volta a ser o que tu és, lugar de comunhão. A família nasce do amor e só tem sentido no amor, pois vem de Deus. O Criador quis que o homem tivesse a mulher como companheira e participassem da obra da criação.

A família é a primeira escola a nos ensinar a ser comunhão de amor, onde pessoas devem educar e se educar, pois formam uma comunidade de pessoas que vivem em comunhão. É na família que se aprende a viver a generosidade, a unidade, a solidariedade, a partilha, a fé e crescer a consciência de serem administradores dos próprios bens e dos bens comuns e da natureza.

A família é lugar de comunhão porque não visa o bem individual, mas o bem uns dos outros. E, como núcleo de comunhão, a família deve participar da vida da comunidade, trabalhando com outros, servindo como um só corpo.

O que sustenta essa missão de ser comunhão é o amor. O amor que deveria ser incondicional como nos ensina São Paulo. Um amor que é paciente, bondoso. Que não tem inveja, não é orgulhoso. Não é arrogante. Nem escandaloso. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. (1Cor 13,4-7).

Família volta a ser o que tu és, um lugar de crescimento. “A família é principal lugar de crescimento de cada um porque é através dela que o ser humano se abre à vida e à exigência natural de relacionar-se com os outros”. (Papa Francisco)

É no ambiente familiar que fazemos nossas primeiras experiências de vida, aprendemos a falar, a andar, a sorrir, a compartilhar as pequenas conquistas com aqueles que nos cercam.

São os pais os primeiros transmissores da fé, como exortou o Papa Francisco: “Em família, a fé acompanha todas as idades da vida, a começar pela infância: as crianças aprendem a confiar no amor de seus pais. Por isso, é importante que os pais cultivem práticas de fé comuns na família, que acompanhem o amadurecimento da fé dos filhos. Sobretudo os jovens, que atravessam uma idade da vida tão complexa, rica e importante para a fé, devem sentir a proximidade e a atenção da família e da comunidade eclesial no seu caminho de crescimento da fé”.

E que tenhamos todos um abençoado 2023, sempre com Jesus e a Sagrada Família.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

PADRE REGINALDO MANZOTTI (BOLETIM SEMANAL- 21 DE ZEMBRO DE 2022)

 

Filhos e filhas,

Já estamos na semana do Natal do Senhor. Depois de quatro semanas, nos preparando no tempo do Advento, receberemos em nossos corações, em nossos lares, o Menino Deus que acaba de nascer. E esse ano, em particular, não me canso de repetir, é tempo de construir pontes.

Natal é o grande momento da paz em que, em torno do recém-nascido, o divino (os anjos) e o humano (Maria, José e os pastores), o céu e a terra, se unem num silêncio adorador. “Porque nasceu para nós um menino, um filho nos foi dado: sobre o seu ombro está o manto real e ele se chama ‘Conselheiro Maravilhoso’, ‘Deus Forte’, ‘Pai para sempre’, ‘Príncipe da Paz’. Grande será o seu domínio e a paz não terá fim sobre o trono de Davi e seu reino, firmado e reforçado com o direito e a justiça, desde agora e para sempre” (Is 9,5-6).

Então filhos, em nossas reuniões familiares, sejamos promotores da paz. Sabe aquele assunto que você sabe vai chatear algum familiar seu? Não mencione! Aquela atitude que vai repercutir negativamente na família? Não tenha! Inunde seu coração com amor, perdão e faça realmente um verdadeiro Natal!

Celebremos santamente o Natal, tenhamos no coração aquilo que é essencial. Quando estivermos festejando com nossos familiares e amigos, não nos esqueçamos da oração, no momento oportuno, lembre-se do ensinamento de Jesus: “Sejam espertos como as cobras e sem maldade como as pombas” (Mt 10,16).

Se pudermos, troquemos presentes lembrando o que escreveu o Papa Emérito Bento XVI: “Em todos os presentes de Natal deveria viver algo da dádiva primordial, Jesus Cristo, daquele gesto do amor de Deus que em última análise não poderia e não queria dar menos do que a si mesmo. Pouco interessa se um presente é caro ou barato; quem não é capaz de dar com ele uma parte de si mesmo, sempre deu de menos”.

Porque o maior presente que poderíamos receber o céu nos deu, na Noite Santa, Deus deu-se a si mesmo nascendo como uma frágil criança.

Lembremos: Deus assumiu nossa humanidade para nos dar sua divindade. Silenciemos nosso interior e não nos esqueçamos do aniversariante, Jesus! Ele é o centro de nossa vida. É a luz que ilumina toda a treva e vai iluminar a nossa vida, a nossa família.

Que o Menino Jesus possa encontrar as portas dos nossos corações abertos para fazer neste, local de sua morada.

Um santo e feliz Natal!

Deus abençoe!

Padre Reginaldo Manzotti

 

Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 30 de novembro

 

Filhos e filhas,

Estamos na primeira semana do Advento, um tempo favorável, de uma alegre espera. Época de vigilância e conversão, que nos ajuda a vencer o comodismo e direcionar o olhar para o Natal, preparando o coração para acolher o Menino Deus que vai nascer.

Os dois primeiros domingos do Advento acentuam a espera da segunda vinda de Jesus Cristo, no final dos tempos. Os outros dois nos propõem uma intensa preparação para o Natal do Senhor.

A cada Domingo do Advento somos exortados com um tema para reflexão. O primeiro, nos coloca a necessidade de vivermos a vigilância permanente. Ser vigilante consiste em estar atento aos sinais de Deus em nossa vida, que se manifestam no nosso dia a dia, e ser comprometido com Jesus e com o Reino que Ele veio anunciar.

Hoje, falsos valores tentam sufocar os valores evangélicos. A vigilância cristã exige uma atitude pessoal e libertadora, obtida na sobriedade e oração contínua, como nos ensina São Pedro: “sejam sóbrios e fiquem de prontidão” (1Pd 5,8-9).

No segundo Domingo do Advento chega até nós, através de João Batista, um forte apelo de conversão, de preparar o caminho do Senhor: “Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo. João foi anunciado pelo profeta Isaías que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (Mt 3,2-3).

A conversão proposta é uma mudança na forma de viver. “Endireitar suas estradas” significa mudar o que nos impede de viver as exigências evangélicas: hábitos, gestos, sentimentos, atitudes, pensar e agir. Exige penitência, arrependimento, perseverança e a busca pela justiça sem nos conformarmos com a maldade deste mundo.

O terceiro Domingo do Advento é o chamado “Domingo da Alegria”, ou Domenica Gaudete. A chegada do Salvador está próxima e somos convidados a nos alegrar com esta espera: “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! Que a bondade de vocês seja notada por todos. O Senhor está próximo. Não se inquietem com nada. Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,4-7).

Não uma alegria qualquer, mas que gera a justiça, o amor, a paz, que só o Senhor pode nos dar.

O quarto Domingo do Advento nos coloca às portas do Natal. Refletimos sobre o mistério da Encarnação: “Vejam: a virgem conceberá e dará a luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco” (Mt 1,23).

Contemplamos a figura de Maria e as circunstâncias que a envolveram nos dias que precederam o nascimento do Menino Jesus. “Deus enviou o seu Filho” (GI 4, 4). Mas, para Lhe “formar um corpo”, quis a livre cooperação de uma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, “virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. O nome da virgem era Maria” (CIC 488).

Somente se nos prepararmos e procurarmos vivenciar profundamente os elementos de cada Domingo do Advento, o nascimento do Salvador terá um sentido concreto em nossa vida e não será uma mera lembrança de um fato histórico.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


PADRE REGINALDO MANZOTTI (Boletim informativo)

 Filhos e filhas,

Neste domingo, dia 27 de novembro, celebramos o Primeiro Domingo do Advento e também dia de Nossa Senhora das Graças. Um dos aspectos que mais chama a minha atenção sobre estas aparições, foi quando Santa Catarina, para quem a Mãe de Jesus apareceu, notou que alguns raios estavam apagados e perguntou por que aquilo acontecia. Nossa Senhora explicou que eram as graças que Ela queria distribuir, mas que as pessoas não lhe pediam.

Isso me faz refletir o quanto Deus é grande e misericordioso. Ele já dispensou as graças em nossas vidas, então por que não as alcançamos? Porque Deus não arromba corações, as graças só são completadas quando formos ao encontro Dele, nós devemos ir ao seu encontro. E assim é a vida, busca e encontro.

Nossa grande busca é Deus, Ele é o amado de nossa alma, como diz São João da Cruz, num dos seus poemas espirituais: “Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer mil perigos. Nem flores colherei no caminho, pois segui-lo é preciso sem deter-me ou parar. Já não tenho outro ofício, só amar é o exercício. Solidão povoada, presença amorosa do Amado. Viver ou morrer, sem Ele eu não quero ser”!

Busquemos encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz, através do profeta Jeremias: “Vocês me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração” (Jr 29,13).

Não importa se é como nos diz a Parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20,1-16), ao amanhecer, ao meio dia ou ao entardecer de nossa existência vamos ter um encontro com Deus, se não pelo amor, pela dor.

Jesus nos revelou o Pai, Ele é o caminho que nos leva ao Pai. Ele é a luz que dissipa as trevas. Ele disse eu vim como luz (cf. Jo 12, 46), mas o mundo preferiu as trevas. Quem vive no pecado não quer luz. Todos fomos crianças e quem tem filhos sabe que quando a criança é arteira e apronta alguma coisa errada, entra dentro de casa e vai pelos cantos escuros para não ser vista, para não chamar a atenção e passar sem levar bronca e ser castigada. É a mesma coisa quem anda no pecado. Não quer luz, não quer discernimento, quer se afastar da Igreja, quer se afastar dos sacramentos e das pessoas de bem.

Pecado gera pecado, quem está no meio do pecado quer andar na escuridão do pecado, para que a podridão não venha à tona. Então, se aproximar da luz de Jesus significa olhar para nossa própria podridão, olhar para nossos pecados e dizer: “Sou eu, Senhor. Dissipe as trevas da minha vida”.

Jesus é a verdade! Não a verdade do mundo que é idêntica a analgésico, tira a dor, mas não cura. A verdade do mundo fascina, ludibria, cega e engana. A verdade de Deus, muitas vezes dói, mas sempre liberta. A felicidade que buscamos e que sei que todos buscamos, só encontraremos em Deus, por Jesus.

Não depositemos a razão de nossa felicidade em pessoas, não arrisquemos todos os trunfos da nossa vida em alguém. Arrisquemos em Deus, Ele é fiel. Busquemos a luz sem trevas, a verdade sem mentiras, a felicidade absoluta que é Deus, em Cristo Jesus.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Padre Reginaldo Manzotti ( Boletim informativo semanal – 02/11/2022)

Filhos e Filhas,

Estamos no início do mês de novembro, quando celebramos a Solenidade de Todos os Santos e o Dia de Finados.Esses dois eventos nos levam a refletir sobre a efemeridade da vida e como salientou o Papa Emérito Bento XVI: “A Solenidade de Todos os Santos é a ocasião propícia para elevar o olhar das realidades terrenas, dispersas pelo tempo, à dimensão de Deus, à dimensão da eternidade e da santidade”.

É importante reforçar que todos nós temos a vocação à santidade. Toda a Sagrada Escritura é um chamado à santidade, ela exorta que a santidade de Deus deve ser imitada. Muitos têm a concepção de que santos são aqueles que tiveram feitos extraordinários, que fizeram milagres e por isso estão nos altares de nossas igrejas. Porém, é possível se santificar pela pequena via, como fez Santa Terezinha do Menino Jesus.

É possível nos santificar vivendo a nossa realidade do dia a dia. Sempre digo que os grandes gestos nos tornam heróis e os pequenos nos tornam santos. A santidade consiste em buscar a face de Deus e ser santo como Ele é Santo (Mt 5,48). Somos o que somos, porque Deus quis, somos o que somos porque Deus nos fez, portanto, nós somos uma extensão de Deus, um derramamento de Deus.

Viemos de Deus e nossa alma anseia por Deus. Pode o ser humano, nas suas diversas culturas, aceitar ou não: nós temos saudades do Criador, está em nossa natureza, está em nossa essência, está em nossa matéria.

É da natureza humana a fome de Deus, a fome de eternidade, a fome de encontrar o Criador, que só Jesus vem saciar. Ele nos disse: “Eu sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim jamais terá sede” (Jo 6,25).

Para nós que nessa luta pela santidade, todo dia procuramos saciar o latente desejo que temos de Deus, Jesus se dá Ele mesmo em comida e bebida (cf. Jo 6,52-59). Então, Jesus nos nutre naquilo que somos por excelência, aquilo que fomos e um dia seremos, face a face com o Criador.

Não posso deixar de exortar uma prece por todos os falecidos. Para aqueles que acreditam na ressurreição, a vida não é tirada, mas transformada. Assim como a semente que, ao cair na terra morre e dessa morte brota a nova vida, cremos que a morte é a passagem para a ressurreição, a nova vida em Cristo.

Acreditando que Jesus venceu a morte e ressuscitou, convido-os agora a rezarmos por todos os falecidos uma oração que está no rito das exéquias:

Nas vossas mãos, Pai de misericórdia, entregamos a alma de todos os falecidos na firme esperança de que eles ressurgirão com Cristo no último dia. Escutai, ó Deus, na vossa misericórdia, as nossas preces: abri para eles as portas do paraíso e a nós que ficamos, concedei que nos consolemos uns aos outros com as palavras da fé até que o dia em que nos encontraremos todos no Cristo e assim estaremos sempre convosco. Amém

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Padre Reginaldo Manzotti (Boletim informativo semanal – 27/10/2022)

 

Filhos e filhas,

Todos nós queremos crescer, é da nossa natureza, até já preguei retiro sobre isso. E se nós queremos crescer, faz parte do processo examinar a consciência. Mas, podemos nos perguntar, o que é consciência? E há ainda outra indagação, se existe consciência, por que insistimos no errado?

Devemos sempre estar em estado vigilante, será que permanecemos no erro devido a uma consciência relaxada e danificada? A nossa liberdade traz uma responsabilidade, sim somos livres: “É para a liberdade que cristo nos libertou” (Gl 1, 5).

Somos livres na prática do bem. É para a liberdade que Cristo nos libertou, mas uma liberdade que embase a ressurreição em Jesus, uma libertação em Jesus, um sepulcro vazio em Jesus, uma liberdade que deve nos levar a uma boa consciência.

Deus nos deu o chamado “livre arbítrio”, que é a liberdade de fazermos escolhas, de agir ou não agir, de fazer as coisas ou não fazer. Essa liberdade alcança a sua perfeição quando está em profunda sintonia com Deus.

A liberdade que nós cristãos temos, nem Deus na sua onipotência nos tirará, nem Jesus no seu ato redentor nos tirou. Pelas Suas Santas Chagas, Ele nos abriu a porta e quebrou os grilhões, mas sair depende de nós.

Na última refeição com os apóstolos, podemos imaginar a angústia de Jesus, sabendo que a seu lado estava o traidor. Jesus ainda tentou salvá-lo, dizendo: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato” (Mt 26, 23), mas não pode interferir, teve que contar com o livre arbítrio de Judas. A decisão foi de Judas.

A liberdade pode ser nossa redenção ou nossa perdição completa. Dar senhorio a Jesus e segui-lo, é submeter a nossa liberdade, a nossa vontade à Dele, porque Ele é o Senhor. Foi assim, entre Jesus e o Pai. A vida de Jesus não foi tirada, Ele a entregou livremente, em favor dos homens, por amor ao Pai.

Deus nos quer, mas Ele não nos obriga. É uma decisão pessoal voluntária, sem coação, sem medo. Nós temos a liberdade e, se nós dizemos cristãos batizados, devemos entregar nossa liberdade ao discipulado de Jesus.

A liberdade dada por Cristo é compreender que Ele é grande e dizer que nós, em nossa pequenez, na nossa razão limitada, não O alcançamos, mas O aceitamos. Discernir nossa liberdade, nossa vontade e a vontade de Deus é outro problema sério da nossa consciência.

A consciência que temos é o julgamento da razão, sobre um ato que fazemos ou que planejamos fazer. A consciência é quem vai nos dizer se é justo, correto ou injusto e mau. Este dispositivo está em nossa alma, é a essência divina em nós. É uma lei do nosso espírito que ultrapassa a nós mesmos. A consciência é como sacrário em que Deus nos fala.

Se os princípios que nos movem não são de Deus, a liberdade ao invés de nos levar à perfeição levará para o abismo. A consciência tem que ser educada, esclarecida, reta, formada pela razão. A paixão não é contraria à razão, mas a razão tem que ter domínio sobre a paixão. Talvez a paixão nos mova, mas quem decide tem que ser a razão. A paixão mal-usada pode nos levar à perdição.

Temos que nos cuidar porque vivemos no mundo e somos continuamente influenciados na formação de nossa consciência. Formar a consciência é uma tarefa para toda a vida. Quem consegue um nível de consciência reta, encontra a paz.

Que possamos ser livres em Deus, para sermos plenamente felizes.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Padre Reginaldo Manzotti (boletim informativo semanal)

 

Filhos e filhas,

Estamos encerrando o mês da Bíblia. Tendo em vista a memória litúrgica de São Jerônimo, patrono dos biblistas, celebrado todos os anos em 30 de setembro, a Igreja Católica dedica o referido mês para a Bíblia.

Escrita em três idiomas – hebraico, aramaico e grego –, a Bíblia foi traduzida para o latim por São Jerônimo a pedido do Papa Damásio I. Assim, após anos de dedicação, estudo e trabalho, São Jerônimo concluiu a chamada Vulgata, primeira tradução latina da Bíblia.

Com o passar do tempo, a Bíblia se tornou o livro mais procurado, lido e pesquisado de todos os tempos. Consequentemente, também é a obra com maior número de publicações na história da humanidade, tendo sido traduzida do latim para a maior parte das línguas e dialetos existentes no mundo.

A Igreja Católica adotou o cânon (princípio) grego, por isso sua Bíblia é composta por 46 livros no Antigo Testamento, dos quais 39 são conhecidos como protocanônicos, isto é, foram catalogados em primeiro lugar. Os outros sete livros adicionais, catalogados posteriormente, denominados deuterocanônicos, já se econtravam na versão grega (Septuaginta), mas não existem na versão hebraica. O Novo Testamento é composto por 27 livros.  Vale ressaltar que os sete livros deuterocanônicos não integram a Bíblia Protestante, contudo essa diferença não impede que, católicos ou não, todos nós, cristãos, reconheçamos a Bíblia como verdadeira depositária da Palavra de Deus.

A Bíblia não veio do céu pronta. Pessoas inspiradas pelo Espírito Santo a escreveram. Mas, apesar de ter sido materializada por mãos humanas, o autor da Bíblia é Deus. Como ensina São Paulo em sua segunda carta a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2 Tm 3, 16).

Sim, o Espírito Santo inspirou a redação, dando aos escritores faculdades e capacidades para que pudessem transcrever aquilo que era da vontade de Deus. Consequentemente, os livros inspirados por Deus, escritos por homens em linguagem humana, trazem a VERDADE. A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4, 12). Não é "letra morta" e, justamente por isso, age como "fermento". Ela não é estática, a cada vez que a lemos, ainda que o conteúdo seja o mesmo, sempre descobrimos novos significados que, talvez, não tenham sido percebidos anteriormente.

Demandadora de leitura constante e aprofundada, a Bíblia não é um romance, uma novela ou uma notícia de jornal. Para entendê-la melhor, é importante prestar atenção a informações cruciais como quando e onde ocorreu cada uma das passagens relatadas; quem são os personagens envolvidos, tanto o principal quanto os coadjuvantes; e, por fim, qual a mensagem transmitida a nós por cada texto. Essa é a forma mais coerente de nos debruçarmos sobre a Palavra de Deus numa atitude de oração, lendo a "carta" que é fruto do Seu amor por nós e estabelecendo com Ele um diálogo franco e revelador.

De fato, quando rezamos, falamos com Deus; quando lemos as Sagradas Escrituras e meditamos sobre seu conteúdo, Deus nos fala.

São Jerônimo afirmou: “Desconhecer a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”.

Por tudo isso, reforço que a Bíblia não deve ser um adorno a criar poeira em cima de um móvel qualquer, tampouco pode ficar fechada numa estante. A Palavra de Deus deve ser internalizada e vivenciada todos os dias. Então, faça de sua Bíblia seu livro de cabeceira.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Padre Reginaldo Manzotti (boletim quinzenal - 14 de setembro 2022)

 

Filhos e filhas,

Já estamos em meados de setembro. Hoje, dia 14, celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz, e amanhã, dia 15, Nossa Senhora das Dores. Pode parecer estranho celebrar um a cruz e o sofrimento, mas a festa não é isso! Devemos dar um passo além, Jesus amou-nos tanto que deu sua vida por nós.

Foi uma entrega, Deus tornou-se humano para vencer a última barreira, a morte. A cruz está vazia, Jesus Ressuscitou e é isso que celebramos, esse amor que vai até as últimas consequências. E nós, criaturas, somos atraídos por esse amor.

O ser humano, a natureza humana tem sede de Deus. Esta é uma verdade que temos que aceitar, nossa alma tem fome de Deus, tem sede de Deus. Nossa natureza humana busca o Seu Criador. Isso não tem relação com as teorias de onde, como ou quando surgiu o ser humano. Todo ser humano é um desdobramento de Deus. Quando nós falamos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança é o mesmo que dizer que Deus nos fez como parte Dele.

E interessante perceber que o ser humano, independente de todas as análises, todo estudo feito sobre o Gêneses, todas as teorias, o fato é que o ser humano, era um ser feito de uma matéria e a partir de uma intervenção de Deus, esse ser humano tomou a consciência. O ser humano se tornou racional, fato esse que não aconteceu com os outros animais.

Muitas são a teorias, mesmo partindo do princípio de que o homem descende de algum animal, houve um princípio e chegou o momento e, é o momento de Deus, onde este animal deu um salto qualitativo, deu um salto que os outros não deram até hoje, um salto da razão, um salto da consciência, um salto da percepção da sua existência, isso é inegável, isso é latente para todos nós.

Não vamos discutir o Gêneses. Se foi de barro, se foi o hálito, o ruah, o sopro da vida, que são imagens simbólicas de uma verdade incontestável num determinado momento, não se sabe como nem quando, nem de que forma, Deus o Criador interveio.  Isso nos faz perceber que somos o que somos, porque Deus quis assim. Somos o que somos, porque Deus nos fez, portanto, nós somos uma extensão de Deus, um derramamento de Deus e por mais que alguns não aceitem, nós temos saudades do Criador.

Está em nossa natureza, em nossa essência, em nossa matéria. Então quando dizemos “tenho saudades de Deus”, “tenho fome de Deus e eu anseio por Deus” é antropológico, é da natureza.

O Salmista expressa esse nosso grande anseio: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,3). Depois da criação, ninguém mais viu a face de Deus e o grande anseio é encontrar essa face.

A vida é busca e encontro. Nossa grande busca é Deus, Ele é o amado de nossa alma, como diz São João da Cruz, num dos seus poemas espirituais: “Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer mil perigos. Nem flores colherei no caminho, pois segui-lo é preciso sem deter-me ou parar. Já não tenho outro ofício, só amar é o exercício. Solidão povoada, presença amorosa do Amado. Viver ou morrer, sem Ele eu não quero ser”!

Busquemos encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz, através do profeta Jeremias: “Vocês me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração” (Jr 29,13).

Que Nossa Senhora das Dores nos ajude nessa busca e encontro, com a certeza de que a vitória vem depois da cruz.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Padre Reginaldo Manzotti ( Boletim informativo semanal-07/09/2022)

 

Filhos e filhas,

Estamos na semana da pátria. Neste ano, nós, como brasileiros, comemoramos 200 anos de nossa independência. E devemos celebrar! Celebrar nossa cultura, celebrar esse povo alegre, corajoso e piedoso que somos.

E nesta semana, elevo uma prece pela pátria, que todos os brasileiros possam viver com dignidade, integralmente, em todos os âmbitos da vida. Eu acredito na capacidade do povo brasileiro de superar todas as tribulações de forma pacífica. Porque a paz, principalmente em uma nação, deve sempre ser preservada.

E muitas coisas nos levam a perder a paz. O medo é um dos inimigos da paz, porque nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo e também não me refiro só à agressão física. Fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando.

O próprio Jesus, ao nos deixar a paz, recomendou que não tivéssemos medo. Por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.

A mentira é outra inimiga da paz. A pessoa que pratica o mal não gosta de ver as coisas ruins à luz da verdade, se esconde. Por isso quem faz o mal não gosta da luz. Jesus é luz e quem caminha no mal, quem é mentiroso, desonesto, quem busca o pecado não quer a luz, prefere as trevas, as sombras, prefere fazer as coisas na surdina, nas fofocas, intrigas, promovendo as discórdias.

Não podemos nos esquecer que a paz, além de ser um dom de Deus, é uma construção diária que depende muito de nós. Depende de nossas atitudes, de sermos capazes de nos reconciliar, nos acolher, nos perdoar e libertar-nos das mágoas e ressentimentos.

Muitos atos de violência são gerados por motivos fúteis, pela inveja, egoísmo, preconceito, falta de autocontrole, de tolerância ou de equilíbrio. O problema é que a dureza de coração nos faz indiferentes diante do nosso próximo e não o vemos como alguém em potencial, alguém que possamos amar. Vemos como inimigo.

Tudo isto nos afasta da paz, mas não podemos nos dar por vencidos. O Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7).

Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A paz já nos foi concedida e tenho certeza que ela prevalecerá em nossa pátria.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Padre Reginal Manzotti (boletim informativo semanal-31/08/2022)

 

Filhos e filhas,

Seguir Jesus requer autenticidade e fidelidade. A Ele ninguém engana, Ele conhece os nossos pensamentos e sentimentos. Quando pensamos em procurá-Lo, Ele já nos encontrou.

Foi o que aconteceu com Natanael: Jesus viu Natanael aproximar-se e comentou: “Eis aí um israelita verdadeiro, sem falsidade”. Aquele que a princípio se mostrou incrédulo e até um pouco malcriado ao dizer: “De Nazaré pode sair coisa boa?” (Jo 1,46), fruto da experiência do encontro proclama com fé: “Rabi, tu és o Filho de Deus, tu és o rei de Israel!” e torna-se um dos doze apóstolos de Jesus.

Como já disse, quem faz em sua vida a experiência do encontro de amor com Jesus, não consegue retê-lo, sente necessidade de apresentá-Lo a outros como fez Filipe. Papa Francisco em sua Exortação Apostólica Evangelii Gaudium – Alegria do Evangelho, diz a este respeito:

O bem tende sempre a comunicar-se. Toda a experiência autêntica de verdade e de beleza procura, por si mesma, a sua expansão; e qualquer pessoa que viva uma libertação profunda adquire maior sensibilidade face às necessidades dos outros” (9).

E, o Papa tem falado muito de uma Igreja de saída, que vai até o povo. Diz ele: “Sonho com uma opção missionária capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual do que à autopreservação” (27). Ele prefere uma Igreja machucada, ferida, por ter ido ao povo, do que uma Igreja santinha fechada em si mesma.

Todo o servir por amor a Jesus faz a diferença. Às vezes, nos cansamos, a coisa fica mecânica e não aguentamos. Tudo se torna enfadonho porque entendemos nossa vida em Deus como uma obrigação e a obrigatoriedade não é fruto do amor.

Só encontramos nossa felicidade, nossa vida plena em Jesus Cristo, não adianta buscar em outro lugar ou pessoa. Santo Agostinho compreendeu isto e lamentava: “Tarde Te amei... Eu poderia ter encontrado esta felicidade antes”.

Podemos encontrar Jesus e não ser mais um serviçal, ser como Ele mesmo nos chamou “amigos”. Ninguém é servo de Jesus. Somos amigos e foi Ele quem nos autorizou e confirmou esta amizade (cf. Jo 15,15). Essa experiência pessoal com Jesus é fundamental, é essa experiência que traz a alegria de Deus.

Voltando a Natanael: “Eu te vi embaixo da figueira”, isso é lindo demais, esse olhar de Jesus, que é profundo. Basta esse olhar para transformar corações. Como Natanael podemos nos perguntar: De onde Jesus me conhece? A resposta de Jesus certamente será: “Eu te vejo, eu te conheço antes que você me conhecesse, eu te encontrei antes mesmo de você me encontrar, eu te amei antes de você me amar!”

Você já foi olhado por Jesus? Ou melhor, você já olhou nos olhos de Jesus, quando está diante do Santíssimo? Isso é de um valor incomensurável, se ajoelhar em frente do Sacrário e fazer como Santa Teresinha de Lisieux, “Jesus, tua menina chegou, tua menina está aqui”, não precisa nem rezar, somente se colocar sob o olhar de Jesus. Se sentir vontade de chorar, chore. Se sentir vontade de cantar, cante. Se não sentir vontade de fazer nada, não faça. Apenas saber que está sob o olhar de Jesus basta.

Jesus nos olha com amor (cf. Mc 10,21). Você já sentiu esse olhar de Jesus que diz: “Eu te amo!”? Esse olhar de Jesus muda toda a nossa vida e nos leva a uma experiência de amor tão grande que nos faz nos apaixonar por Ele a ponto de afirmar: “Jesus é meu amado, é a razão da minha vida!”

Natanael encontrou isso. Nós também podemos encontrar.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 17 de agosto

Filhos e Filhas,

 Nas próximas semanas, os cristãos do Brasil são convidados a voltar as atenções para a família. Estamos em plena Semana Nacional da Família, que em 2022 completa 30 anos de evangelização e valorização da célula mater da sociedade.

O tema escolhido para essa data festiva foi: “Amor Familiar, vocação e caminho de santidade”, pois é a partir do amor que a família pode manifestar, difundir e regenerar o amor de Deus no mundo. Sem o amor, não é possível viver como filhos de Deus, como cônjuges, pais e irmãos.

E na família, o amor se traduz em gestos concretos, principalmente na relação entre o casal. O relacionamento entre marido e mulher é um conjunto de sentimentos, gestos e ações que precisam ser bem trabalhados senão o amor pode acabar.

Em várias partilhas que ouço, percebo que o que mais machuca duas pessoas envolvidas numa relação, e que vai arranhando o amor, matando o companheirismo e acabando com a convivência é a desconsideração. Isto é, não valorizar as qualidades e apontar sempre os defeitos do outro.

Quando a desconsideração se torna crônica, provavelmente o casal chegou perto da dissolução, porque o ser humano não suporta viver numa relação em que nunca é valorizado. Por isso ressalto, a valorização do outro precisa acontecer no dia a dia do relacionamento. Não uma valorização extraordinária, num momento especial, só em datas especiais, mas no cotidiano, porque é aí que a relação vai se enfraquecendo.

Ninguém se casa para ser infeliz, carregando o peso de uma relação que, às vezes se torna até doentia, abusiva, onde não há momentos de alegria, de prazer, não há cumplicidade. Filhos e filhas, o casamento é para que um faça o outro feliz! E para isso, devemos sempre reservar o nosso melhor para a família.

Jesus fala de edificar a casa na rocha firme (cf. Mt 7,24-27), e a casa edificada na rocha é uma família que pratica a Palavra, é temente a Deus. E eu e minha casa serviremos ao senhor, está dizendo que praticaremos a vontade de Deus. Seremos tementes a Deus. O alicerce de nossa casa é a rocha e a única rocha é Jesus Cristo.

Muitas vezes, permitimos que os fundamentos de nossa família comecem a ruir quando guardamos mágoas, dissabores, segredos; quando deixamos de rezar, quando não percebemos que os corações estão se distanciando. Mas é possível novamente fundamentar na rocha quando se volta a Deus. Voltar a Deus é reedificar os alicerces da família. “Eu e minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24,15) deveria ser o lema das famílias.

A Igreja é muito feliz em nos propor uma Semana da Família, de intensificar as orações pela família. Lembremos das palavras do Papa Francisco: “O verdadeiro vínculo é sempre com o Senhor. Todas as famílias têm necessidade de Deus: todas, todas! Necessidade da Sua ajuda, da Sua força, da Sua bênção, da Sua misericórdia, do Seu perdão. E requer simplicidade. Para rezar em família requer simplicidade! Quando a família reza unida, o vínculo torna-se mais forte”.

Vale a pena investir na família, ela traz alegria e realização a todos nós.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Padre Reginaldo Manzotti (boletim informativo semana l- 11 de agosto de 2023)

Filhos e filhas,

Com a proximidade do Dia dos Pais, gostaria de me debruçar sobre a nossa relação com Deus Pai. Claro, sempre por Jesus Cristo, nosso único mediador com o Pai (cf. 1 Tm 2,5). Jesus assumiu nossa humanidade para revelar-nos o rosto amoroso de Deus. E quando os Apóstolos pediram que Jesus os ensinassem a rezar, Jesus começou com PAI NOSSO.

Jesus começa a oração com a palavra “Pai”. Isso demostra que esse verbete já tinha sido elaborado, ou seja, já fazia parte do cotidiano e havia sido internalizada. Ele verbaliza aquilo que a sua filiação sentia. Segundo São Tertuliano, o “Pai Nosso” é, na verdade, o resumo de todo o Evangelho.

Nele, Jesus revela a sua relação com o Pai. Na estrutura, nas petições dessa oração, Jesus coloca a ordem e os valores das coisas que devemos pedir. São Mateus, propositalmente, dispõe o “Pai Nosso” em seguida as bem-aventuranças. É como se fosse uma necessidade rezarmos o “Pai Nosso” para sermos bem-aventurados.

Chamar Deus de Pai é uma ousadia filial e Ele quer que sejamos ousados, porque o filho não tem medidas: ele pede, implora, chora, grita e esperneia, mas não desiste. Somos autorizados por Jesus a ter essa ousadia, pois não estamos nos relacionando com um Deus abstrato ou distante. Jesus estabelece uma relação íntima entre nós e o Pai.

“Pai Nosso que estais nos céus” é sem dúvida um apelo de conversão de vida, porque chamar Deus de “Pai Nosso” nos coloca numa atitude de nos parecermos com Ele. O filho sempre puxa ao pai nas coisas boas e ruins. Chamamos Deus de Pai e Ele O é, mas será que nos parecemos com Ele? Isso também requer outra atitude: a de ter um coração humilde e confiante, um coração de criança, de filho, de quem se submete, quem aceita e obedece.

Quando Jesus diz: “Pai Nosso” e não “Pai meu”, Ele exclui uma fé individualista. Ele quebra toda e qualquer possibilidade de exclusão do outro no processo da salvação. Ao rezarmos “Pai Nosso”, entramos em profunda comunhão com todos os irmãos crentes ou não, com aqueles que já encontraram Deus e os que não O encontraram ainda. Incluímos os justos e pecadores.

Então, dizer “Pai Nosso” é sair do individualíssimo. É compreender que o amor de Deus é sem fronteira e nossa oração também deve ser assim. Isso aprendemos de Deus Pai, que nos ama profundamente a ponto de não poupar seu único Filho, para nos reconciliar com Ele.

Nesta mensagem, gostaria de fazer uma prece por todos os pais, que eles possam ser referência do amor de Deus Pai para seus filhos e que se espelhem em São José para tal missão. E que os seus filhos se sintam sempre amparados, protegidos e amados.

E para os pais já falecidos, pedimos que a luz perpétua os ilumine, que descansem em paz. Amém.

Deus abençoe a todos e um feliz Dia dos Pais para todos os pais!

Padre Reginaldo Manzotti

PADRE REGINALDO MANZOTTI (boletim informativo-junho/2023)

 

Filhos e Filhas,

Estamos na semana do Espírito Santo. No domingo, celebraremos Pentecostes e todos nós somos, por essência, necessitados do Espírito Santo. Sua presença é uma fonte de consolo, força e estímulo em nossa caminhada de fé.

O Espírito Santo é aquele que se manifesta em favor dos fracos, que somos todos nós. Ele age na fraqueza humana, ou seja, nas nossas misérias, debilidades e incoerências. O papel consolador do Espírito Santo faz d’Ele nosso melhor aliado. Ele cumpre a promessa de Jesus: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Paráclito, para que fique eternamente convosco” (Jo, 14, 16).

Conforme explica o Catecismo, Cristo aparece enquanto imagem visível do Deus invisível, ao passo que o Espírito Santo é o responsável por revelá-lo (Catecismo da Igreja Católica, 689). Isso quer dizer que a luz do Espírito de Deus nos revela sua Palavra e seus desígnios, fazendo com que as verdades cheguem até nós e que não apenas creiamos nelas, mas também as vivamos e as testemunhemos.

O apóstolo Paulo destaca: “Todavia, foi a nós que Deus, por meio do Espírito, revelou o seu segredo. O Espírito Santo examina tudo, até mesmo os planos mais profundos e escondidos de Deus. Quanto ao ser humano, somente o espírito que está nele é que conhece tudo a respeito dele. E, quanto a Deus, somente o seu próprio Espírito conhece tudo a respeito dele” (1 Cor 2, 10-11).

O Espírito Santo intercede considerando nossas necessidades, muitas vezes imperceptíveis a nós mesmos, e nos capacita a proferir uma oração poderosa baseada na vontade de Deus. É o Espírito que aviva nossa fé e nos encoraja a prosseguirmos em oração, mesmo quando estamos desanimados e não conseguimos rezar. Ele vem em nosso socorro e pede ajuda ao Senhor conosco. Por isso São Judas aconselha em sua carta: “Orai no Espírito Santo” (Jd 1, 20).

Isso significa alcançar uma perspectiva que vai além das nossas paixões e fraquezas. Consiste em colocar-nos na presença do Senhor por inteiro, sendo quem realmente somos. Isso só é possível graças à ação do Espírito e por meio da fé, numa entrega e renúncia completas da nossa vontade em favor dos planos de Deus. Tudo o que estiver reservado para nós, virá.

O Espírito transforma os corações endurecidos e nos capacita a discernir entre o bem e o mal, praticando o primeiro e evitando o segundo. Na prática, funciona como o sopro de vida que transforma e renova todas as coisas: “O vento sopra onde quer; ouves-lhe o ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece com aquele que nasceu do Espírito” (Jo 3, 8).

Aprofundando um pouco nossa reflexão, podemos afirmar que sem o Espírito Santo não se pode entender Jesus. Isso acontece porque é sobretudo na vida de Jesus que se revela a presença do Espírito de Deus. Ele esteve presente durante toda a vida terrena de Cristo e no seu ministério, do mesmo modo como está sempre conosco.

Por isso, peçamos: Vinde Espírito Santo!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


PADRE REGINALDO MANZOTT ( Boletim informativo)

 Filhos e filhas,

Nesta semana, quando celebramos a Ascensão do Senhor, caminhamos para o fim do Tempo Pascal, vivenciamos a Ressurreição de Jesus e o envio do Espírito Santo, gostaria de refletir com vocês sobre a fé, pois se tivermos fé do tamanho de um grão de mostarda, poderemos mover montanhas.

Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência da sua dedicação (Lc 1, 38). Ao visitar Isabel, elevou o seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a Ele se confiavam (Lc 1, 46-55).

Com alegria e trepidação, deu à luz o seu Filho unigênito, mantendo intacta a sua virgindade (Lc 2, 6-7). Confiando em José, seu Esposo, levou Jesus para o Egito a fim de salvá-Lo da perseguição de Herodes (Mt 2, 13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor na sua pregação e permaneceu a seu lado mesmo no Gólgota (Jo 19, 25-27).

Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (Lc 2, 19.51), transmitiu-a aos Doze reunidos com Ela no Cenáculo para receberem o Espírito Santo (At 1, 14; 2, 1-4).

Pela fé, os Apóstolos deixaram tudo para seguir o Mestre (Mc 10, 28). Acreditaram nas palavras com que Ele anunciava o Reino de Deus presente e realizado na sua Pessoa (Lc 11, 20). Viveram em comunhão de vida com Jesus, que os instruía com a sua doutrina, deixando-lhes uma nova regra de vida pela qual haveriam de ser reconhecidos como seus discípulos depois da morte d’Ele (Jo 13,34-35).

Pela fé, foram pelo mundo inteiro, obedecendo ao mandato de levar o Evangelho a toda à criatura (Mc 16, 15) e, sem temor algum, anunciaram a todos a alegria da ressurreição, de que foram fiéis testemunhas.

Pela fé, os discípulos formaram a primeira comunidade reunida à volta do ensino dos Apóstolos, na oração, na celebração da Eucaristia, pondo em comum àquilo que possuíam para acudir às necessidades dos irmãos (At 2, 42-47).

Pela fé, os mártires deram a sua vida para testemunhar a verdade do Evangelho que os transformara, tornando-os capazes de chegar até ao dom maior do amor com o perdão dos seus próprios perseguidores.

Pela fé, homens e mulheres consagraram a sua vida a Cristo, deixando tudo para viver em simplicidade evangélica a obediência, a pobreza e a castidade, sinais concretos de quem aguarda o Senhor, que não tarda a vir. Pela fé, muitos cristãos se fizeram promotores de uma ação em prol da justiça, para tornar palpável a Palavra do Senhor, que veio anunciar a libertação da opressão e um ano de graça para todos (Lc 4, 18-19).

Pela fé, no decurso dos séculos, homens e mulheres de todas as idades, cujo nome está escrito no Livro da vida (Ap 7, 9; 13, 8), confessaram a beleza de seguir o Senhor Jesus nos lugares onde eram chamados a dar testemunho do seu ser cristão: na família, na profissão, na vida pública, no exercício dos carismas e ministérios a que foram chamados.

Pela fé, nós também vivemos reconhecendo o Senhor Jesus vivo e presente na nossa vida e na história.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti