Padre Reginaldo Manzotti -Boletim informativo (10 de abril)

 Filhos e filhas,

Tudo o que pedirdes com fé na oração, recebereis” (Mt 21,22).

A oração é uma mão de duas vias, nós falamos, nós calamos, Deus nos fala, nós ouvimos. Porém, na maioria das vezes, para nós a oração é “eu falo, eu desabafo, Deus escuta”. Só que Deus também quer falar e não deixamos. Não esperamos para ouvi-Lo.

Na oração deve haver um diálogo silencioso e amoroso entre Deus e nós, o amante e o amado. Tomemos por exemplo um casal apaixonado. Às vezes, não precisam falar muito com palavras, pois se falam com o olhar. O amor se expressa pelos olhos. É tão bonito o amor. Quem nunca amou na vida vai morrer sem ter conhecido um dos grandes milagres de Deus, porque o amor verdadeiro é sublime.

O amor entre a alma e o amado, Deus. É o que diz São João da Cruz, num poema:

“Oh! Feliz ventura

Sair, indo à procura do amor,

do meu Amado!”

Nas Sagradas Escritura é só ler o Livro do Cântico dos Cânticos para entender o que é uma alma apaixonada por Deus.

Santa Tereza D’Avila nos ensina: “assim se espera na oração, ao meu ver é um comércio interior de amizade em que nós conversamos a sós com Deus, com esse Deus, que nós sabemos sermos amados, a oração busca do coração que é como o desejo de encontrar o amado”.

É isso que a oração faz, não tem água morna para quem reza, não tem só “mais ou menos”. Se nós conseguíssemos um pouquinho, uma centelha desse amor, uma faísca desse amor do Espírito Santo em nosso coração, então nossa oração seria fervorosa, nós gostaríamos de estar mais na presença do amor que é Deus, porque nossa alma sente necessidade.

O vazio que muitos sentem que não tem bem material que preencha, nem joia, nem roupas de grife. Esse vazio só Deus preenche, esse vazio é o lugar de Deus. A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona.

Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus. Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, porque não deixamos, nós não O escutamos.

Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar a cuidar do espírito. Se, na mesma proporção, buscamos manter a sobrevivência do corpo, buscássemos manter a sobrevivência da alma não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados e desgastados. Por isso, insisto tanto na disciplina, no reservar um momento para a intimidade com Deus.

A oração é nosso combustível para a caminhada.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

NOVENA DE SÃO JOSE REALIZADA PELO GRUPO ASSOCIAÇÃO DE SÃO JOSÉ DA PAROQUIA DE SÃO FRANCISCO DAS CHAGAS - BACABAL-MA

No período de 10 a 18 de março de 2024, o grupo Associação de São José realizou a novena em honra ao Patrono do Grupo “São José”. As orações foram realizadas em algumas igrejas dos bairros que pertencem a Paroquia de São Francisco das Chagas.  

Como o papa Francisco incentiva que sejamos uma igreja em saída, achamos oportuno realizarmos a novena nesse formato, pois além de seguirmos a orientação do papa, também foi uma maneira de divulgarmos a existência do grupo e promover a cultura do encontro entre as pessoas das comunidades e os membros associados, que nesse ano faz 51 anos de existência. A novena teve como tema: “São José: amigo fiel de Deus e amigo de todos os irmãos e irmãs” e o lema: “Juntos, à procura da fraternidade universal”. Esse tema foi escolhida por fazer referência ao tema da Campanha da Fraternidade desse ano que tem como tema: “Fraternidade e amizade social” e como lema:” Vós sois todos irmãos e irmãs” (Mt. 23,8).

Realizar a novena de São José, para nós associados do grupo da Associação de São José é uma honra. Nesse momento tão especial é que relembramos as qualidades humanas desse homem justo, humilde carpinteiro que desempenhou um papel crucial na história da salvação, assumindo a paternidade de Jesus. É um exemplo inspirador de fidelidade, humildade, fraternidade e confiança na vontade de Deus. Também podermos ressaltar a sua relevância para a vida da igreja Católica como exemplo que vai além de sua função como pai adotivo de Jesus, ele é venerado como um poderoso intercessor e protetor da igreja. São José é um grande inspirador para o nosso agir cristão.

 

No dia 10 de março, primeiro dia da novena, as orações da novena foi realizada na capelinha do Centro Paroquial, que teve início às 8:30h e finalizando ás 9:30h, nesse dia tivemos como celebrante o Senhor Fontenele; no dia 11 as orações foram realizadas na igreja São Francisco de Assis, com início às 19:30h, no bairro Parque Rui Barbosa e o celebrante foi o diácono José Orlando; no dia 12, a celebração foi na igreja Sagrada Família, celebrada pelo diácono José, com início às 19:00h; no dia 13, as orações foram realizadas na igreja de Nossa Senhora da Assunção, no bairro Alto da Assunção, o celebrante foi o diácono Denna, iniciou ás 19:30h; no dia 14, as orações foram realizadas na igreja São Francisco Solano, no bairro Mutirão, com início ás 19:00h e teve como celebrante o Diácono Cecílio; no dia 15, as orações foram realizadas na Igreja de Santa Luzia, no bairro Santa Clara, que teve início às 19:30, e a celebrante foi a coordenadora do grupo Rosinete; no dia 16 e 17, por ser sábado e domingo e nas comunidades sempre tem celebrações, as orações da novena foram realizadas na capelinha do Centro Paroquial, ás 17:00h e 15:00h consecutivamente, teve como celebrante o diácono Denna; no dia 18, as orações da novena foram realizadas na Igreja de Nossa Senhora da Conceição, bairro Novo Bacabal e como celebrante tivemos o ministro da palavra o Senhor Adalto. No dia 19 de março, os associados assistiram à missa das 19:00h na paroquia de São Francisco das chagas, celebrada por Frei Jardiel, onde ele fez referência a esse grande Santo.

Durante esses nove dias de oração pudemos pedir a intercessão desse Grande Santo onde buscamos sua proteção e orientação em tempos de dificuldade, pois sua humanidade e disposição para servir inspiram nós associados a seguir o exemplo de vida simples, fraterna e virtuosa.

Na bíblia encontramos passagens onde São José é um homem que confiou plenamente na vontade de Deus, mesmo diante de circunstâncias desconcertantes. Sua obediência aos planos divinos, como visto em sua aceitação do casamento com Maria e sua fuga para o Egito, é um exemplo de fé inabalável e submissão à vontade de Deus.

São José, com sua humildade e obediência e confiança em Deus o tornam um exemplo atemporal de santidade, fidelidade e fraternidade. Honremos São José e peçamos a sua intercessão, confiantes de que ele é um poderoso protetor e amigo nos caminhos da vida e da fé, da justiça, da fraternidade e da amizade social.  São José, valei-nos!

Segundo o Papa Francisco, amizade social é “o amor que implica algo mais do que uma série de ações benéficas. As ações derivam de uma união que propende cada vez mais para o outro, considerando-o precioso, digno, aprazível e bom, independentemente das aparências físicas e morais. O amor ao outro por ser quem é impele-nos a procurar o melhor para sua vida. Só cultivando essa forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos”. (FT, n.94)

Obs: Como gesto concreto, durante novena adquirimos 05 cestas básicas, que foram distribuídas a algumas famílias carentes no bairro Novo Bacabal.

Pe. Reginaldo Manzotti - Boletim Informativo - 28 de fevereiro

Filhos e filhas,

Nós, da Obra Evangelizar é Preciso, rumo aos 20 anos, estamos vivendo o ano de São Pio de Pietrelcina, nosso intercessor. Ele esforçou-se para aliviar os sofrimentos e misérias de muitas pessoas, principalmente com a fundação da Casa Alívio do Sofrimento.

Inspirado em nosso intercessor, para vivermos melhor este tempo da Quaresma, proponho refletir sobre as Obras de Misericórdia, para assim colocá-las em prática.

As obras de misericórdia são quatorze. Sete delas são chamadas de obras de misericórdia corporais, que explanarei na próxima semana e sete espirituais, que são: instruir; aconselhar, consolar, confortar, perdoar, suportar com paciência e rogar pelos vivos e pelos mortos.

- Instruir (ensinar os que não sabem)

Instruir não é simplesmente transmitir conhecimentos, é também corrigir os que erram, doutrinar, ensinar os valores do Evangelho, formar na doutrina e nos bons costumes éticos e morais. Evangelizar é também instruir para a verdade, a luz que vem de Jesus Cristo. À comunidade de Colossenses, Paulo diz: “A palavra de Cristo permaneça em vós com toda sua riqueza, de sorte que com toda sabedoria possais instruir e exortar-vos mutuamente” (Col 3, 16a). Lembremos que toda instrução que brota da caridade, oração e paciência gera frutos em abundância.

Aconselhar (dar bons conselhos aos que necessitam)

É o dom de orientar e ajudar a quem precisa. Jesus nos orientou e aconselhou a não sermos cegos guinando cegos (cf. Mt 15, 14), e também a primeiro tirarmos a trave do nosso olho, para depois tirar o cisco do olho do irmão (Lc 6, 39). Apesar da força deste conselho e alerta de Jesus, não podemos nos eximir de dar bons conselhos àqueles que necessitam. Reforço, dar bons conselhos e não qualquer conselho. Para que isto aconteça é preciso mergulhar na graça do Espírito Santo, para perceber os sinais de Deus que nos auxiliam na compreensão dos fatos e discernimento da vida.

Consolar (Aliviar o sofrimento dos aflitos)

Nosso Senhor Jesus Cristo deu-nos muitos exemplos de consolação, lembremos, principalmente, seu empenho em consolar Marta e Maria na morte de Lázaro (Jo 11, 19). A atitude de consolar, apresentada como uma obra de misericórdia, mais do que nunca, torna-se uma virtude cristã a ser exercitada no cotidiano. Exercitar os olhos para as tragédias alheias; aguçar os ouvidos para escutar os soluços dos que sofrem; oferecer o ombro para deixar reclinar quem chora; estender a mão para levantar quem tropeça e cai. Hoje consolamos, amanhã seremos consolados.

Confortar (Fortalecer os angustiados e abatidos)

Deus conforta os humildes (2Cor 7, 6). Também assim devemos agir, aperfeiçoando nossas virtudes. O próprio Jesus, no Getsêmani passou por momentos de angústias (Mt 26, 37ss), e foi confortado por um anjo do céu (Lc 22, 43).

Atualmente o desanimo, a angústia tem minado a vida de muitas pessoas, abatendo-as e levando-as até a um estado de depressão. É nosso dever cristão confortar os que necessitam. E, confortar não significa apenas dar o que é material, ou simplesmente tentar fazê-los esquecer do motivo de seu desânimo, mas estar ao lado deles em seu desânimo, tornando esses momentos mais amenos, revigorando-os na fé. Coloquemo-nos à disposição do Espírito Santo de Deus, para que Ele nos inspire e nos use para confortar aqueles que precisam.

- Perdoar (as injustiças de boa vontade)

O perdão é uma exigência do Evangelho e uma condição para entrar no Reino. Jesus nos dá essa lição ao ensinar a oração do Pai-Nosso: “Se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 6, 14-15). Se nós não perdoamos, impedimos que o perdão de Deus chegue a nós.

Pedir perdão a Deus é fácil, mas conceder o perdão aos outros na maioria das vezes é difícil, e agimos como o servo mau que foi perdoado no muito que devia, e não soube perdoar seu próximo no pouco que lhe era devido (Mt 18, 23-35). Negar o perdão nos leva um ato de injustiça com Deus, conosco e com os irmãos.

Suportar com paciência (as adversidades e fraquezas do próximo)

Esta obra espiritual nos exorta a suportar com paciência os que estão próximos a nós, com todas as suas limitações, fraquezas, defeitos, adversidades e misérias. Isto não quer dizer que devemos nos omitir de orientar, encorajar, oferecer oportunidades e servir de suporte, para que, essas limitações e fraquezas sejam superadas.

São Pedro nos diz: “Que mérito teria alguém se suportasse pacientemente os açoites por ter praticado o mal? Ao contrário, se é por ter feito o bem que sois maltratados, e se o suportardes pacientemente, isto é coisa agradável aos olhos de Deus” (1Pd 2, 20). Sejamos acolhedores e pacientes com todos.

Rogar a Deus pelos vivos e pelos mortos

Na oração sacerdotal Jesus rogou a Deus pelos seus e por todos que em todos os tempos viriam a ser seus discípulos, isto é por todos nós (Jo 17). Através desta obra de misericórdia espiritual, somos exortados a rezar pela humanidade, rezar por aqueles que nem conhecemos; rezar pela reparação e expiação dos pecados do mundo; pela conversão dos pecadores; pelo Papa e ministros ordenados que conduzem a Igreja de Deus; pelas vocações sacerdotais e leigas; pelas autoridades; pelos que sofrem e pelos que se recomendam às orações.

Rezar pelas almas é o melhor meio de salvar a nossa, pois como nos ensinou Santo Ambrósio, "Tudo o que damos por caridade às almas do Purgatório converte-se em graças para nós, e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado".

Que as obras de misericórdia nos ajudem a sermos mais perfeitos e assim construirmos um mundo novo e bem melhor.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti 

Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 21 de fevereiro

 Filhos e filhas,

Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele.

Meus irmãos, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno para ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.

Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.

Deixemo-nos converter por Deus por meio de três práticas:

Oração

Nesse tempo, somos convidados a nos recolher interiormente e a refletir pela oração sobre como está nossa vida espiritual. Se você já reza, intensifique a oração. Não falte à missa, pelo menos as dominicais. Esse é um tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus. Reze com os Salmos e aprofunde-se nas leituras bíblicas. Procure fazer confissões. Participe da oração da Via Sacra. Se dedique àquilo que converge ao foco central desses quarenta dias: Jesus.

Caridade

É o convite a quebrarmos o orgulho e imitarmos a misericórdia do Senhor. Não se trata apenas de esmola material, mas da prática das obras de misericórdia com a caridade material, a escuta, o amor, a visita aos doentes e a solidariedade com os que sofrem.

Jejum

É a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. O jejum nos ensina que somos dependentes de Deus, nos exercita na disciplina, na força de vontade, nos torna sensíveis à fome dos irmãos e irmãs, aumenta nossa concentração e vigilância. Além de tudo isso, o jejum feito por amor a Cristo tem a função de nos unir a Ele, em Seu sofrimento.

Não se pede que ninguém passe fome no jejum Quaresmal. O jejum recomendado pela Igreja e todos os cristãos podem fazer, consiste em que se tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição completa, podendo escolher almoço ou jantar. A outra refeição será substituída por um lanche simples, que não seja igual em quantidade à habitual ou completa.

O importante é não comer nada além dessas três refeições. Estão obrigados ao jejum, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, os que tiverem completado dezoito anos até os cinquenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Estão dispensados grávidas e doentes, como também as pessoas que desenvolvem intenso trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.

A oração, aliada à caridade e ao jejum é o que nos prepara para viver a Páscoa do Senhor, fortalecendo nossa fé e esperança. Não há como separar a oração da caridade e ambas do jejum. Elas são inseparáveis e devem ser praticadas simultaneamente. Sobre isso, assim se expressou São Pedro Crisólogo: “O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto, quem reza, jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus, não feche o seu a quem o suplica’’.

Finalizo esse artigo citando novamente São Leão Magno: “Tempo de Quaresma é tempo de se viver a doçura, a humildade, a paciência e a paz”. Acima de tudo, é tempo de perdoar as injustiças, as afrontas e esquecer as injúrias. Tempo de combate espiritual. Tempo de jejum medicinal. Tempo de caridade reconciliadora.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

Padre Reginaldo Manzotti (Boletim informativo - 14 de fevereiro de 2024)

 Filhos e filhas,

Convertei-vos e crede no Evangelho! (Mc 1,15)

É isso mesmo, filhos e filhas, já estamos na Quaresma, tempo favorável para voltar para Deus! No primeiro dia desse tempo, recebemos as cinzas como sinal de que aceitamos e queremos fazer uma caminhada de purificação, de arrependimento e de conversão.

Ao recebermos a imposição das Cinzas, lembramo-nos da nossa condição humana, cheia de incoerências, fraquezas, infidelidade. O gesto da Imposição das Cinzas é externo, mas deve ser fruto de uma vontade interna de mudança e conversão.

As cinzas são dos ramos bentos do ano anterior e cada um, ao recebê-las, deve ter em seu coração a vontade de se voltar para Deus e se deixar reconciliar com Ele. É o próprio Deus quem nos dá essa oportunidade, esse presente e nos propícia essa reconciliação. Como diz São Paulo: “Em Nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20b).

Esse é o sentido da Quaresma: nos permitir reconciliar com Deus através daquilo que nos diz a profecia de Joel: rasgando o coração (cf. Jl 2,13). É muito forte! Não é abrir o coração, é rasgar o coração. É dizer: “Senhor, eu não sou nada. Eu rasgo meu coração e me derramo na Vossa presença. Eu rasgo meu coração e tiro todas as resistências à minha conversão”.

Jamais devemos olhar a Quaresma como um fardo pesado, mas sim como escreveu São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, que no momento favorável, Deus nos ouviu e, no dia da salvação, Ele nos socorreu. É agora o momento, é agora o dia da salvação (2Cor 6,2).

Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele. E por isso, nesse tempo, a Igreja indica jejum, oração e caridade.

Filhos e filhas, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno de ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.

Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.

Por isso, eu sugiro que o propósito para a Quaresma desse ano seja diferente. Além de suprimir comidas e bebidas específicas, mais que isso é fazer o sacrifício que Deus nos propõe. Até sugeri para os esposos que a esposa indique um propósito para o marido e vice-versa. Se não tem tanta abertura, escreva 3 sacrifícios e sorteie um. Deus age também no sorteio, veja como foi a escolha de Matias (cf. At 1,12-26).

Quaresma é tempo favorável para a graça. A cada ano, devemos ser pessoas melhores e esse deve ser também o intuito da Quaresma, criar novos hábitos, para sermos homens e mulheres renovados em Cristo.

Que saibamos viver bem esse tempo, muito propício para lembrar a infinita misericórdia de Deus.

 

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Padre Reginalddo Manzotti (Boletim informativo - 08/02/2024)

 

Filhos e filhas,

“Eu sou a água viva, se alguém tiver sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37-38)

A devoção a Nossa Senhora de Lourdes, celebrada dia 11, exprime muito bem essa frase de Jesus Cristo. Em 25 de fevereiro de 1858, guiada por Nossa Senhora, Bernadete cavou a terra e, daquele pequeno buraco, começou a jorrar água, tornando-se uma fonte milagrosa. Há mais de 150 anos, um simples olho d’água jorra ininterruptamente.

Milhares de fiéis e, em particular, enfermos do mundo inteiro procuram a gruta de Lourdes, na França, em busca de cura para suas doenças até os dias de hoje. Não há explicação, é um fenômeno de fé. Tanto que, na época das aparições, o pároco local ficou desconfiado e pediu um sinal de que tudo o que ali acontecia era divino.

Deus atendeu seu pedido. Por mais de vinte anos um homem que todos conheciam na região, chamado Louis Bourriette, estava cego por ter perdido um olho numa explosão em uma mina. Por ser um homem de fé, Bourriette pediu a sua filha que trouxesse água da nova fonte de Lourdes e pediu que Nossa Senhora intercedesse pela sua cura. Após beber da água, lavou os olhos com ela e logo ele começou a gritar de alegria, pois tinha voltado a enxergar.

Os médicos que haviam atestado que ele jamais poderia recobrar a visão, examinaram o homem novamente, constataram e confirmara: era um milagre. Bourriette enxergava perfeitamente, embora as causas da cegueira continuassem ali: lesões profundas da ferida causada pela explosão e cicatrizes.

E são muitos os milagres que aconteceram e acontecem em Lourdes. Mas bem sabemos que nem todos os que vão até a gruta voltarão para casa com o milagre confirmado, porém não podemos nos esquecer de que não se trata apenas da cura das doenças do corpo, como também de muitos males da alma.

A própria Bernadete não foi poupada de ter um tumor na perna e sofrer por mais de nove anos, ela compreendeu que o poder da cura estava na própria dor, ao exclamar: “O que peço a nosso Senhor é que me fortaleça para suportar com paciência minha enfermidade e ofereço meus sofrimentos como penitência pela conversão dos pecadores”.

Por todos os doentes, do corpo e da alma, rezemos:

 

Ó, Virgem Imaculada de Lourdes,

mãe de misericórdia e saúde dos enfermos.

Vós conheceis nossas dores e tristezas,

dignai-vos lançar sobre nós o vosso olhar de mãe.

Aliviai nossos sofrimentos,

confortai nossos corações, avivai nossa fé.

Fazei que nossas dores, unidas à cruz do Senhor,

ajudem a diminuir os males do mundo.

Ó, Virgem Imaculada de Lourdes, vosso divino Filho nos ensinou:

'Vinde a mim, vós que estais tristes e sobrecarregados e eu vos aliviarei'.

Viemos implorar de Jesus, por meio do vosso coração de mãe,

a saúde e a fé cristã para todos os nossos queridos doentes.

Cheios de confiança, imploramos, ó, mãe querida,

consolo para os nossos doentes,

alívio nas suas dores,

santificação para suas almas.

Amém.

 

Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

 

Padre Reginaldo Manzotti (Boletim informativo - 30/01/2024)

 Filhos e filhas,

Estamos já no final do mês de janeiro, início de fevereiro, quando celebramos São Brás, chama do amor de Deus, da fé e do amor ao próximo. A vida heroica de São Brás é um estímulo para mantermos também acesa em nossas almas a brasa do amor, por Deus, que nos amou primeiro.

E isto está na Palavra de Deus: “Amemos, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso, pois no coração de quem ama a Deus não há espaço para o ódio” (1Jo 4,19-20). Essa é a base daquilo em que acreditamos e, por isso, professamos. Deus é a maior referência do amor, pois abrange, na Sua essência, a plenitude desse sentimento, bem como todo e qualquer significado que nós podemos ter de amor.

Somos pequenos, frágeis, limitados diante daquilo que Deus personifica, a perfeição do amor. Por isso, quando amamos, somos tão idealistas, pois a nossa referência é a mais perfeita, única e singular, que é Deus. Trata-se da busca constante por vivenciar e experimentar esse amor de Deus.

Por outro lado, existem exigências. No dia a dia, há um certo desgaste gerado por frases como: “Eu amo meu time de futebol”, “Como amo fazer isso!”, “Amo cantar”, “Amo minha profissão”, etc. Será que tudo isso é amor? De duas, uma: ou o uso da palavra em questão está equivocado, ou o ato de amar tem significados e intensidades diferentes.

Na verdade, as duas observações procedem, porém, o que não podemos perder é a noção de que todas essas formas de expressar esse sentimento, nas suas dimensões mais específicas, caminham para um amor maior, que é Deus. Quem primeiro amou o mundo foi Ele. A natureza, a Criação, é um ato do amor de Deus. E em Seu filho, Jesus, com profundo amor, Ele nos dá a remissão.

Os antigos gregos usavam três palavras para qualificar as dimensões do amor: Eros, Filia e Ágape.

Eros é o amor carnal e remete ao desejo entre homem e mulher. Ele simboliza o amor romântico do qual faz parte a atração sexual. Também implica a contemplação do belo e a existência de sentimentos como paixão e ciúme.

Filia é o amor que se coloca a serviço e visa primeiramente ao bem do outro. Não possui conotação sexual, desejo carnal, correspondendo ao sentimento existente entre amigos. Um belo exemplo do amor amizade encontramos entre Davi e Jônatas. Assim também era o amor de Jesus pelos Apóstolos.

Por fim, no plano mais elevado, está o amor Ágape, que é divino. Podemos ter uma experiência de sua dimensão a partir de Jesus, pois Ele é a revelação do amor do Pai, "Deus é amor" (1 Jo 4,8). 

Para a doutrina católica, não se pode separar essas três formas de amor, pois elas se fundem entre si. Interessante o que diz o Papa Bento XVI: “Deus ama, e este seu amor pode ser qualificado sem dúvida como Eros, que, no entanto, é totalmente Ágape também”. E ainda: “Deus é absolutamente a fonte originária de todo ser; mas esse princípio criador de todas as coisas é, ao mesmo tempo, um amante com toda a paixão de um verdadeiro amor. Desse modo, o Eros (também o Filia) é enobrecido ao máximo, mas simultaneamente tão purificado que se funde com o Ágape” (Encíclica Deus Caritas est, n.º 10).

Conhecendo essas dimensões do amor, soam um tanto descabidas afirmações como "amo meu time de futebol", "amo comer carne seca", "amo andar de bicicleta", entre outras. Amar é algo muito mais profundo. Por isso, se alguém diz que sentiu amor à primeira vista, desconfie. Na verdade, o primeiro contato pode levar à paixão, mas certamente continua longe do amor maduro. Não podemos reduzir o amor à admiração e à atração.

Peçamos a Deus a graça de amar verdadeiramente, como Ele nos ama. Amém!

 

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti