Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 21 de fevereiro

 Filhos e filhas,

Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele.

Meus irmãos, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno para ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.

Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.

Deixemo-nos converter por Deus por meio de três práticas:

Oração

Nesse tempo, somos convidados a nos recolher interiormente e a refletir pela oração sobre como está nossa vida espiritual. Se você já reza, intensifique a oração. Não falte à missa, pelo menos as dominicais. Esse é um tempo de escuta mais atenta da Palavra de Deus. Reze com os Salmos e aprofunde-se nas leituras bíblicas. Procure fazer confissões. Participe da oração da Via Sacra. Se dedique àquilo que converge ao foco central desses quarenta dias: Jesus.

Caridade

É o convite a quebrarmos o orgulho e imitarmos a misericórdia do Senhor. Não se trata apenas de esmola material, mas da prática das obras de misericórdia com a caridade material, a escuta, o amor, a visita aos doentes e a solidariedade com os que sofrem.

Jejum

É a forma de penitência que consiste na privação de alimentos. O jejum nos ensina que somos dependentes de Deus, nos exercita na disciplina, na força de vontade, nos torna sensíveis à fome dos irmãos e irmãs, aumenta nossa concentração e vigilância. Além de tudo isso, o jejum feito por amor a Cristo tem a função de nos unir a Ele, em Seu sofrimento.

Não se pede que ninguém passe fome no jejum Quaresmal. O jejum recomendado pela Igreja e todos os cristãos podem fazer, consiste em que se tome o café da manhã normalmente e depois faça apenas uma refeição completa, podendo escolher almoço ou jantar. A outra refeição será substituída por um lanche simples, que não seja igual em quantidade à habitual ou completa.

O importante é não comer nada além dessas três refeições. Estão obrigados ao jejum, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, os que tiverem completado dezoito anos até os cinquenta e nove completos. Os outros podem fazer, mas sem obrigação. Estão dispensados grávidas e doentes, como também as pessoas que desenvolvem intenso trabalho braçal ou intelectual no dia do jejum.

A oração, aliada à caridade e ao jejum é o que nos prepara para viver a Páscoa do Senhor, fortalecendo nossa fé e esperança. Não há como separar a oração da caridade e ambas do jejum. Elas são inseparáveis e devem ser praticadas simultaneamente. Sobre isso, assim se expressou São Pedro Crisólogo: “O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto, quem reza, jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus, não feche o seu a quem o suplica’’.

Finalizo esse artigo citando novamente São Leão Magno: “Tempo de Quaresma é tempo de se viver a doçura, a humildade, a paciência e a paz”. Acima de tudo, é tempo de perdoar as injustiças, as afrontas e esquecer as injúrias. Tempo de combate espiritual. Tempo de jejum medicinal. Tempo de caridade reconciliadora.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

Padre Reginaldo Manzotti (Boletim informativo - 14 de fevereiro de 2024)

 Filhos e filhas,

Convertei-vos e crede no Evangelho! (Mc 1,15)

É isso mesmo, filhos e filhas, já estamos na Quaresma, tempo favorável para voltar para Deus! No primeiro dia desse tempo, recebemos as cinzas como sinal de que aceitamos e queremos fazer uma caminhada de purificação, de arrependimento e de conversão.

Ao recebermos a imposição das Cinzas, lembramo-nos da nossa condição humana, cheia de incoerências, fraquezas, infidelidade. O gesto da Imposição das Cinzas é externo, mas deve ser fruto de uma vontade interna de mudança e conversão.

As cinzas são dos ramos bentos do ano anterior e cada um, ao recebê-las, deve ter em seu coração a vontade de se voltar para Deus e se deixar reconciliar com Ele. É o próprio Deus quem nos dá essa oportunidade, esse presente e nos propícia essa reconciliação. Como diz São Paulo: “Em Nome de Cristo, nós vos suplicamos: deixai-vos reconciliar com Deus” (2Cor 5,20b).

Esse é o sentido da Quaresma: nos permitir reconciliar com Deus através daquilo que nos diz a profecia de Joel: rasgando o coração (cf. Jl 2,13). É muito forte! Não é abrir o coração, é rasgar o coração. É dizer: “Senhor, eu não sou nada. Eu rasgo meu coração e me derramo na Vossa presença. Eu rasgo meu coração e tiro todas as resistências à minha conversão”.

Jamais devemos olhar a Quaresma como um fardo pesado, mas sim como escreveu São Paulo na Segunda Carta aos Coríntios, que no momento favorável, Deus nos ouviu e, no dia da salvação, Ele nos socorreu. É agora o momento, é agora o dia da salvação (2Cor 6,2).

Tempo de Quaresma é o tempo favorável. É o tempo de conversão. É a volta à casa do Pai. É o tempo em que a nossa abertura para Deus nos faz reconciliar com Ele. E por isso, nesse tempo, a Igreja indica jejum, oração e caridade.

Filhos e filhas, o pecado nos aniquila. O pecado nos vicia e a Quaresma é o tempo oportuno de ajustar a nossa vida com a proposta de Deus. É o tempo de graça e de retiro, para a reflexão e conversão espiritual.

Deus quer se reconciliar conosco, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém virou as costas, fomos nós, não Deus! O esforço da Quaresma é se deixar tocar por Deus e se deixar envolver pela Sua misericórdia. Logo, não sejamos indiferentes e deixemos Deus, no seu Espírito, nos provocar.

Por isso, eu sugiro que o propósito para a Quaresma desse ano seja diferente. Além de suprimir comidas e bebidas específicas, mais que isso é fazer o sacrifício que Deus nos propõe. Até sugeri para os esposos que a esposa indique um propósito para o marido e vice-versa. Se não tem tanta abertura, escreva 3 sacrifícios e sorteie um. Deus age também no sorteio, veja como foi a escolha de Matias (cf. At 1,12-26).

Quaresma é tempo favorável para a graça. A cada ano, devemos ser pessoas melhores e esse deve ser também o intuito da Quaresma, criar novos hábitos, para sermos homens e mulheres renovados em Cristo.

Que saibamos viver bem esse tempo, muito propício para lembrar a infinita misericórdia de Deus.

 

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Padre Reginalddo Manzotti (Boletim informativo - 08/02/2024)

 

Filhos e filhas,

“Eu sou a água viva, se alguém tiver sede, venha a mim e beba” (Jo 7,37-38)

A devoção a Nossa Senhora de Lourdes, celebrada dia 11, exprime muito bem essa frase de Jesus Cristo. Em 25 de fevereiro de 1858, guiada por Nossa Senhora, Bernadete cavou a terra e, daquele pequeno buraco, começou a jorrar água, tornando-se uma fonte milagrosa. Há mais de 150 anos, um simples olho d’água jorra ininterruptamente.

Milhares de fiéis e, em particular, enfermos do mundo inteiro procuram a gruta de Lourdes, na França, em busca de cura para suas doenças até os dias de hoje. Não há explicação, é um fenômeno de fé. Tanto que, na época das aparições, o pároco local ficou desconfiado e pediu um sinal de que tudo o que ali acontecia era divino.

Deus atendeu seu pedido. Por mais de vinte anos um homem que todos conheciam na região, chamado Louis Bourriette, estava cego por ter perdido um olho numa explosão em uma mina. Por ser um homem de fé, Bourriette pediu a sua filha que trouxesse água da nova fonte de Lourdes e pediu que Nossa Senhora intercedesse pela sua cura. Após beber da água, lavou os olhos com ela e logo ele começou a gritar de alegria, pois tinha voltado a enxergar.

Os médicos que haviam atestado que ele jamais poderia recobrar a visão, examinaram o homem novamente, constataram e confirmara: era um milagre. Bourriette enxergava perfeitamente, embora as causas da cegueira continuassem ali: lesões profundas da ferida causada pela explosão e cicatrizes.

E são muitos os milagres que aconteceram e acontecem em Lourdes. Mas bem sabemos que nem todos os que vão até a gruta voltarão para casa com o milagre confirmado, porém não podemos nos esquecer de que não se trata apenas da cura das doenças do corpo, como também de muitos males da alma.

A própria Bernadete não foi poupada de ter um tumor na perna e sofrer por mais de nove anos, ela compreendeu que o poder da cura estava na própria dor, ao exclamar: “O que peço a nosso Senhor é que me fortaleça para suportar com paciência minha enfermidade e ofereço meus sofrimentos como penitência pela conversão dos pecadores”.

Por todos os doentes, do corpo e da alma, rezemos:

 

Ó, Virgem Imaculada de Lourdes,

mãe de misericórdia e saúde dos enfermos.

Vós conheceis nossas dores e tristezas,

dignai-vos lançar sobre nós o vosso olhar de mãe.

Aliviai nossos sofrimentos,

confortai nossos corações, avivai nossa fé.

Fazei que nossas dores, unidas à cruz do Senhor,

ajudem a diminuir os males do mundo.

Ó, Virgem Imaculada de Lourdes, vosso divino Filho nos ensinou:

'Vinde a mim, vós que estais tristes e sobrecarregados e eu vos aliviarei'.

Viemos implorar de Jesus, por meio do vosso coração de mãe,

a saúde e a fé cristã para todos os nossos queridos doentes.

Cheios de confiança, imploramos, ó, mãe querida,

consolo para os nossos doentes,

alívio nas suas dores,

santificação para suas almas.

Amém.

 

Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

 

 

Padre Reginaldo Manzotti (Boletim informativo - 30/01/2024)

 Filhos e filhas,

Estamos já no final do mês de janeiro, início de fevereiro, quando celebramos São Brás, chama do amor de Deus, da fé e do amor ao próximo. A vida heroica de São Brás é um estímulo para mantermos também acesa em nossas almas a brasa do amor, por Deus, que nos amou primeiro.

E isto está na Palavra de Deus: “Amemos, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso, pois no coração de quem ama a Deus não há espaço para o ódio” (1Jo 4,19-20). Essa é a base daquilo em que acreditamos e, por isso, professamos. Deus é a maior referência do amor, pois abrange, na Sua essência, a plenitude desse sentimento, bem como todo e qualquer significado que nós podemos ter de amor.

Somos pequenos, frágeis, limitados diante daquilo que Deus personifica, a perfeição do amor. Por isso, quando amamos, somos tão idealistas, pois a nossa referência é a mais perfeita, única e singular, que é Deus. Trata-se da busca constante por vivenciar e experimentar esse amor de Deus.

Por outro lado, existem exigências. No dia a dia, há um certo desgaste gerado por frases como: “Eu amo meu time de futebol”, “Como amo fazer isso!”, “Amo cantar”, “Amo minha profissão”, etc. Será que tudo isso é amor? De duas, uma: ou o uso da palavra em questão está equivocado, ou o ato de amar tem significados e intensidades diferentes.

Na verdade, as duas observações procedem, porém, o que não podemos perder é a noção de que todas essas formas de expressar esse sentimento, nas suas dimensões mais específicas, caminham para um amor maior, que é Deus. Quem primeiro amou o mundo foi Ele. A natureza, a Criação, é um ato do amor de Deus. E em Seu filho, Jesus, com profundo amor, Ele nos dá a remissão.

Os antigos gregos usavam três palavras para qualificar as dimensões do amor: Eros, Filia e Ágape.

Eros é o amor carnal e remete ao desejo entre homem e mulher. Ele simboliza o amor romântico do qual faz parte a atração sexual. Também implica a contemplação do belo e a existência de sentimentos como paixão e ciúme.

Filia é o amor que se coloca a serviço e visa primeiramente ao bem do outro. Não possui conotação sexual, desejo carnal, correspondendo ao sentimento existente entre amigos. Um belo exemplo do amor amizade encontramos entre Davi e Jônatas. Assim também era o amor de Jesus pelos Apóstolos.

Por fim, no plano mais elevado, está o amor Ágape, que é divino. Podemos ter uma experiência de sua dimensão a partir de Jesus, pois Ele é a revelação do amor do Pai, "Deus é amor" (1 Jo 4,8). 

Para a doutrina católica, não se pode separar essas três formas de amor, pois elas se fundem entre si. Interessante o que diz o Papa Bento XVI: “Deus ama, e este seu amor pode ser qualificado sem dúvida como Eros, que, no entanto, é totalmente Ágape também”. E ainda: “Deus é absolutamente a fonte originária de todo ser; mas esse princípio criador de todas as coisas é, ao mesmo tempo, um amante com toda a paixão de um verdadeiro amor. Desse modo, o Eros (também o Filia) é enobrecido ao máximo, mas simultaneamente tão purificado que se funde com o Ágape” (Encíclica Deus Caritas est, n.º 10).

Conhecendo essas dimensões do amor, soam um tanto descabidas afirmações como "amo meu time de futebol", "amo comer carne seca", "amo andar de bicicleta", entre outras. Amar é algo muito mais profundo. Por isso, se alguém diz que sentiu amor à primeira vista, desconfie. Na verdade, o primeiro contato pode levar à paixão, mas certamente continua longe do amor maduro. Não podemos reduzir o amor à admiração e à atração.

Peçamos a Deus a graça de amar verdadeiramente, como Ele nos ama. Amém!

 

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti