PADRE REGINALDO MANZOTTI - boletim informativo

 Filhas e filhos,

Mais uma vez, somos agraciados através da liturgia da Igreja, com um tempo especial de vivência em preparação para o Natal. E neste ano em particular, tenho em meu coração que o Natal vem renovar nossa ESPERANÇA.

O Advento é um tempo favorável, de alegre espera, vigilância, conversão. É um tempo que nos ajuda a vencer o comodismo e direcionar o olhar para o Natal, preparando o coração para acolher o Menino Deus que vai nascer.

Os dois primeiros domingos do Advento acentuam à espera da segunda vinda de Jesus Cristo, no final dos tempos. Os outros dois nos propõem uma intensa preparação para o Natal do Senhor. A cada Domingo do Advento, somos exortados com um tema para reflexão.

O primeiro, nos coloca a necessidade de vivermos a vigilância permanente. Ser vigilante consiste em estar atento aos sinais de Deus em nossa vida, que se manifestam no nosso dia a dia, e ser comprometido com Jesus e com o Reino que Ele veio anunciar. A vigilância cristã exige uma atitude libertadora, obtida na sobriedade e oração contínua, como nos ensina São Pedro: “sejam sóbrios e fiquem de prontidão” (1Pd 5,8-9).

No segundo Domingo do Advento chega até nós, através de João Batista, um forte apelo de conversão, de preparar o caminho do Senhor: “Convertam-se, porque o Reino do Céu está próximo. João foi anunciado pelo profeta Isaías que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: Preparem o caminho do Senhor, endireitem suas estradas!” (Mt 3,2-3).

A conversão proposta é uma mudança na forma de viver. “Endireitar suas estradas” significa mudar o que nos impede de viver as exigências evangélicas: hábitos, gestos, sentimentos, atitudes, pensar e agir. Exige penitência, arrependimento, perseverança e a busca pela justiça sem nos conformarmos com a maldade deste mundo.

O terceiro Domingo do Advento é o chamado “Domingo da Alegria” ou Domenica Gaudete. A chegada do Salvador está próxima e somos convidados a nos alegrar com esta espera: “Fiquem sempre alegres no Senhor! Repito: fiquem alegres! Que a bondade de vocês seja notada por todos. O Senhor está próximo. Não se inquietem com nada. Apresentem a Deus todas as necessidades através da oração e da súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,4-7).

O quarto Domingo do Advento nos coloca às portas do Natal. Refletimos sobre o mistério da Encarnação: “Vejam: a virgem conceberá e dará a luz um filho. Ele será chamado pelo nome de Emanuel, que quer dizer: Deus está conosco” (Mt 1,23).

Contemplamos a figura de Maria e as circunstâncias que a envolveram nos dias que precederam o nascimento do Menino Jesus. “Deus enviou o seu Filho” (GI 4, 4). Mas, para Lhe “formar um corpo” (129), quis a livre cooperação de uma criatura. Para isso, desde toda a eternidade, Deus escolheu para ser a Mãe do seu Filho, uma filha de Israel, uma jovem judia de Nazaré, na Galileia, “virgem que era noiva de um homem da casa de David, chamado José. O nome da virgem era Maria” (CIC 488).

A Salvação nos chega pelo seio de Maria. Ela é o modelo perfeito de obediência, humildade, pureza e fé.

Se nos prepararmos e procurarmos vivenciar profundamente os elementos de cada Domingo do Advento, o nascimento do Salvador terá um sentido concreto em nossa vida e não será uma mera lembrança de um fato histórico.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Pe. Reginaldo Manzotti - Boletim informativo (16/07/2020)


Filhos e filhas,

Neste mês de julho, mais precisamente nesta quinta-feira, dia 16, celebramos a Festa de Nossa Mãe e Padroeira da Obra Evangelizar, Nossa Senhora do Carmo.
Seu histórico narra que, na Idade Média, monges atuavam como cavaleiros cruzados. Por volta de 1155, muitos deles, fatigados pelas batalhas empreendidas para conquistar a Terra Santa, fixaram-se no chamado Monte Carmelo, montanha na costa de Israel com vista para o Mar Mediterrâneo e cujo nome significa “jardim” ou “campo fértil”. Desejosos de uma vida autenticamente cristã, ali se estabeleceram e fundaram uma capela dedicada à Virgem Maria, razão pela qual ficaram conhecidos como Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo.
Posteriormente, em 1226, o Papa Honório III concedeu a aprovação oficial da Igreja à Ordem fundada pelos monges carmelitas. Em 1235, os mouros voltaram à Terra Santa e promoveram brutal perseguição contra os cristãos. Para sobreviver, os monges separaram-se em dois grupos, cabendo a um deles a missão de defender o mosteiro, mas acabaram mortos e sua morada foi incendiada. O outro grupo dispersou-se em três regiões distintas: Sicília, na Itália; Creta, na Grécia; e Aylesford, na Inglaterra. Nesta última localidade, em 1238, chegaram a fundar um mosteiro, porém não foram aceitos pelas autoridades eclesiásticas locais e enfrentaram a ameaça de extinção.
Em 16 de julho de 1251, no Convento de Cambridge, durante oração feita a Nossa Senhora pelo superior da Ordem, São Simão Stock, pedindo um sinal de sua proteção que fosse visível aos inimigos, o Escapulário da Virgem do Carmo foi entregue por Nossa Senhora com a seguinte promessa: “Recebe, meu filho muito amado, este Escapulário de tua Ordem, sinal de meu amor, privilégio para ti e para todos os carmelitas: quem com ele morrer, não se perderá. Eis aqui um sinal da minha aliança, salvação nos perigos, aliança de paz e de amor eterno”.
Após essa aparição, a perseguição deixou de ocorrer e a Ordem tornou-se conhecida em toda a Europa, atraindo muitos adeptos. O Escapulário, por sua vez, foi incorporado aos objetos de uso corrente dos cristãos, como sinal da manifestação do Amor da Virgem Maria e símbolo de vida cristã dedicada a Deus.
Jesus manso humilde e misericordioso em sua vida foi despojado de tudo desde o momento de sua prisão.Tiraram-lhe suas vestes, a dignidade e começaram a esgotar-lhe a vida. O que restou a Jesus, humanamente falando, era o pouco de vida que chegava ao fim. Mas havia algo que ligava Jesus, que para Ele era preciosíssimo: junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse a ela: Mulher, eis aí teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa (Jo 19,25-27).
Jesus, em seus últimos momentos de vida, nos dá aquilo que é mais precioso e nos deixa como testamento de amor: “Eis ai tua mãe”. Ser devoto de Maria é tomar posse do presente de Jesus. Nos “agarrarmos” a ela nos mantêm fiéis a Seu Filho Jesus, de modo particular sob o título de Nossa Senhora do Carmo que traz o Santo Escapulário.
Acredito fielmente que em Nossa Senhora do Carmo aplica-se o que São Bernardo de Claraval testemunhou sobre Maria: “Quem recorreu à vossa proteção não foi por vós desamparado, Ó Clemente, Ó Poderosa, Ó sempre Virgem Maria”.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti

Pe. Reginaldo Manzotti (Boletim Informativo - 08 de julho)


Filhos e filhas,

No próximo sábado, dia 11 de julho, celebramos São Bento, Abade. E no programa Experiência de Deus desta quarta-feira, dia 08, sugeri um artigo de minha autoria sobre São Bento para uma ouvinte que partilhava como sua família está em desarmonia, chegando ao ponto de um desejar a morte do outro.
Com ela refletia que muitas vezes deixamos brechas em nossa vida, em nosso lar, para o Inimigo agir e como essa partilha tocou muitas pessoas, resolvi também aqui colocar o artigo com a oração de São Bento.
São Bento foi um homem que lutou bravamente contra o mal. Ele é o fundador da ordem dos beneditinos, que tem como lema “Ora et Labora“, ou seja, “Reza e Trabalha”.
São Gregório, no livro dos Diálogos, descreve São Bento como um homem que recebeu o dom da sabedoria desde sua mais tenra idade e insiste sobre um carisma que era peculiar a Bento: o discernimento dos espíritos.
Durante sua vida, utilizando-se de seu dom do discernimento, São Bento encontrou três brechas por onde o Inimigo pode entrar em nosso coração, lugares de maior fragilidade humana e espiritual. É nestas brechas que precisamos de mais vigilância. Como uma casa assolada por goteiras, à primeira vista não são encontradas rachaduras, mas basta uma chuvinha para que o inconveniente se manifeste.
Primeira brecha: A COBIÇA
É a idolatria das coisas. Por exemplo, fazer do dinheiro um deus. É o apego às coisas da terra. São Bento coloca como símbolo desta brecha o porco, pois seu focinho está sempre ligado ao chão. Nesta brecha, a luta acontece na reorientação dos desejos. É preciso conquistar uma atitude de oblação, de generosidade e desapego.
Segunda brecha: A VAIDADE
É a idolatria do outro como objeto de prazer. É a necessidade de ser reconhecido e amado distorcida, pois esquece da relação de fraternidade com o próximo e pensa apenas em si mesmo. É fazer tudo só pelo interesse de ocupar o primeiro lugar, ser bem visto pelos outros, elogiado, ter status, ser admirado. Aqui São Bento usa o símbolo do Pavão. É preciso reorientar esta necessidade natural e boa de ser reconhecido e amado. É dizer com sua vida e todo o seu coração: “Senhor, vosso é o Reino, o Poder e a Glória. Se na primeira brecha, a atitude de desapego era uma garantia de vitória, nesta segunda brecha é necessário perseguir a atitude da solidariedade, do diálogo, da comunhão com Deus e com próximo. Para isso são fundamentais a mansidão e a simplicidade.
Terceira brecha: O ORGULHO
É querer dominar tudo para si. Ser um verdadeiro deus. É a idolatria de “si mesmo”. Aqui São Bento ilustra com o símbolo da águia. O orgulho é a origem de todos os pecados. É pelo orgulho que o homem se separa de Deus e procura sua independência. É necessário perseguir a virtude da humildade. Na luta espiritual, às vezes Deus nos dá a graça da humilhação como uma espécie de exercício para crescermos na humildade e vencermos a brecha do orgulho.
As lições de São Bento são muito atuais, uma vez que somos tentados todos os dias. Muitos se deixam levar por uma falsa neutralidade, acreditando ser possível “manter-se em cima do muro”, mas a verdade é que ou estamos trabalhando para o Reino de Deus, ou estamos a serviço do reino de Satanás. Que São Bento nos ajude nesse combate contra o mal.
Rezemos juntos:
A Cruz Sagrada seja a minha luz, não seja o dragão meu guia.
Retira-te satanás!
Nunca me aconselhes coisas vãs.
É mau o que tu me ofereces, bebe tu mesmo o teu veneno!

Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti

Novena em honra a São José no período de 10 a 18 de março de 2020

O grupo de associados da Associação de São José, da Paroquia de São Francisco das Chagas, realizou no período de 10 a 18 de março a novena em honra a São José, pai adotivo de Jesus, que é o patrono do grupo. Teve como tema: “São José, homem simples e cheio do Espírito Santo”. As orações foram realizadas na capelinha do Centro Paroquial, iniciando sempre as 18:00, onde também tivemos nos dias 10, 11 e 12, após as orações da novena, a celebração da palavra com a participação de Frei Jorge, o Diácono Irlando e o dirigente da comunidade Nossa Senhora Aparecida, do bairro madre Rosa.
Durante nove dias foi feita a recordação dos traços característicos desse homem justo, fiel e protetor da família. E a seu exemplo, procuramos refletir a nossa caminhada como associados da Associação de José, a fim de renovar nosso compromisso de promoção da vida, do bem e da justiça entre nós, nossas famílias e nossa comunidade.
Os subtemas da novena durante os nove dias foram: primeiro dia, “São José, modelo verdadeiro de paternidade”; segundo dia: “São José, homem justo e bom”; terceiro dia: “São José, protetor da família”; quarto dia: “São José, modelo de humildade”; quinto dia:” São José, homem de fé”; sexto dia: “São José, modelo de trabalhador”; sétimo dia: “São José, homem serviçal e disponível”; oitavo dia: “ São José, modelo de pureza” e no nono dia: São José, modelo de santidade”.
Nesse período foi realizada a leitura da palavra referente aos subtemas e reflexões sobre a mesma, além das orações pertinentes a esse momento. A cada celebração também foi feita a ligação dos temas com o tema da campanha da fraternidade.Como a data da novena sempre coincide com o período da quaresma, foi realizada no dia 13/03 a via sacra vocacional, como é de costume, iniciada ás 17:00h.
Através da novena, que é um dos pontos forte de oração do grupo, procuramos renovar a nossa fé e esperança, para continuarmos firmes na nossa caminhada como verdadeiro discípulos missionários de Cristo.
São José, rogai e intercedei por nós !

Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 04 de março de 2020

Filhos e filhas,
“Deus amou de tal forma o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que n’Ele creia não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16).

Nós amamos porque Deus nos amou primeiro (cf. 1Jo 4,19). Somos constantemente perdoados por Deus, que nos amou primeiro. E, porque somos perdoados e amados por Deus, devemos também perdoar.

E qual a medida do perdão? Pedro chega para Jesus e faz essa pergunta: “Senhor, quantas vezes devo perdoar?” (cf. Mt 18,21). E é impressionante que Pedro faz a pergunta e sem espera resposta, ele mesmo sugere: “Até sete vezes?” (Mt 18,19,21). Como ele foi afobado na resposta e mostrou que ele não compreendeu o mestre, Jesus explicou: “Oh! Pedro! Não sete, mas setenta vezes sete, isto é, sempre!" (cf. Mt 18,22).

É importante perceber isso. Perdoar muitas vezes a mesma pessoa, às vezes nos mesmos erros, nos mesmos equívocos, isso significa tolerância, isso significa misericórdia. Mas exige força de vontade e empenho, porque geralmente se trata de pessoas mais próximas. Primeiramente, porque as atitudes de terceiros não nos causam tanto sofrimento e decepção quanto aquelas de quem queremos bem e por essa razão, não esperamos receber tratamento hostil ou deliberadamente prejudicial. Em segundo lugar, porque muitas vezes o perdão exige reconstruir a confiança, a convivência e o próprio relacionamento.

Sem querer ser egoísta ou estimular o egoísmo, ao perdoar não devemos nos preocupar se o outro vai mudar. Não nos preocupemos com os efeitos que o nosso perdão vai causar, se vai trazer a pessoa de volta, se vai restaurar a amizade ou se ela também vai nos perdoar. A reconciliação é uma consequência do perdão que nem sempre acontece. O amor para ser vivido precisa ser recíproco e o perdão pode ser unilateral. Não significa que o outro tenha que nos perdoar, significa que nós vamos perdoar, é diferente. O perdão deve ser algo gratuito, unilateral. Não se deve estabelecer condições para o perdão. Deus não age assim conosco e por mais egoístas, miseráveis e pecadores que sejamos, Ele nos perdoará sempre.

O perdão deve acontecer, principalmente, por se tratar de um preceito de Nosso Senhor. Vamos ser honestos, ao perdoar não agimos só movidos por amor, por complacência ou benevolência, perdoamos porque foi isso que Jesus nos pediu. Quem se fecha à graça do perdão fica preso ao passado, à dor, à magoa, à raiva e às vezes até ao desejo de vingança, sentimentos tóxicos que acabam bloqueando o futuro. Além disso, podem gerar doenças psicossomáticas, pois reduzem a imunidade do organismo e abrem espaço para as enfermidades oportunistas.

Há também aqueles que acham difícil perdoar, porque ainda não entenderam que perdoar não se trata de desculpar ou minimizar a ofensa sofrida e fingir que nada aconteceu. Agir dessa forma significa mascarar o problema, como colocar um curativo em cima de uma ferida que ainda contém sujeira. Ela pode até aparentar estar cicatrizada, mas por baixo da casca, a infecção permanece. Insisto: a ferida precisa ser raspada, sangrada, para haver cicatrização.

Desculpar não é perdoar. O perdão só cura quando reconhecemos a dor, conversamos sobre a ofensa e apesar de admitir ao outro que ele agiu mal e nos machucou, escolhemos não alimentar a tristeza, não guardar ressentimentos e em Deus, perdoamos suas fraquezas e limitações.

Pode parecer difícil, mas se fizermos de Jesus a nossa rocha firme, teremos a graça de conseguir perdoar e sermos perdoados.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti

Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 12 de fevereiro


Filhos e Filhas,
A vida é busca e encontro. Nossa grande busca é Deus. Ele é o amado de nossa alma, como diz São João da Cruz, num dos seus poemas espirituais: “Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer mil perigos. Nem flores colherei no caminho, pois segui-lo é preciso sem deter-me ou parar. Já não tenho outro ofício, só amar é o exercício. Solidão povoada, presença amorosa do Amado. Viver ou morrer, sem Ele eu não quero ser”!
Busquemos encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz, através do profeta Jeremias: “Vocês me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração” (Jr 29,13).
Não importa se é como nos diz a Parábola dos trabalhadores da vinha (Mt 20,1-16), ao amanhecer, ao meio dia ou ao entardecer de nossa existência vamos ter um encontro com Deus, se não pelo amor, pela dor.
Deus espera pacientemente que o pecador se converta e se volte para Ele. Isso me faz lembrar de um homem em particular: Santo Agostinho. Ele deu um trabalho imenso para sua mãe Santa Mônica. Ele era da “pá virada”: teve um filho com uma prostituta, era ateu e precisou ser forjado com muito custo por Deus para se tornar um homem de fé. Depois de sua experiência com Deus, Santo Agostinho diz que nossa alma foi feita para Deus e não encontraremos a paz enquanto não repousarmos em Deus. Santo Agostinho é o reflexo do anseio de todos nós.
Onde está a resposta da existência humana? Em Deus! Foi isso que Santo Agostinho descobriu. Tanto que chega um momento em sua vida que ele diz: “Tarde te amei Senhor. Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e não eu contigo. Exalaste perfume e respirei. Agora anseio por ti. Provei-te e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz”.
Jesus nos revelou o Pai. Ele é o caminho que nos leva ao Pai, Ele é a luz que dissipa as trevas. Ele disse eu vim como luz (cf. Jo 12, 46), mas o mundo preferiu as trevas. Quem vive no pecado não quer luz. Todos fomos crianças e quem tem filhos sabe que quando a criança é arteira e que quando apronta alguma coisa errada, entra dentro de casa e vai pelos cantos escuros para não ser vista, para não chamar a atenção e não ser castigada. É a mesma coisa quem anda no pecado. Não quer luz, não quer discernimento, quer se afastar da Igreja, quer se afastar dos sacramentos, das pessoas de bem.
Pecado gera pecado e quem está no meio do pecado quer andar na escuridão do pecado, para que a podridão não venha à tona. Então, se aproximar da luz de Jesus significa olhar para nossa própria podridão, olhar para nossos pecados e dizer: “Sou eu, Senhor. Dissipe as trevas da minha vida”.
Jesus é verdade! Não a verdade do mundo que é idêntica a analgésico, que tira a dor, mas não cura. A verdade do mundo fascina, ludibria, cega e engana. A verdade de Deus, muitas vezes dói, mas sempre liberta. A felicidade que buscamos e que sei que todos buscamos, só encontraremos em Deus, por Jesus. Não depositemos a razão de nossa felicidade em pessoas, não arrisquemos todos os trunfos da nossa vida em alguém. Arrisquemos em Deus, Ele é fiel. Busquemos a luz sem trevas, a verdade sem mentiras, a felicidade absoluta que é Deus, em Cristo Jesus.
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti

Passeio dos Associados da Associação de São José


No dia 08 de fevereiro de 2020, realizou-se um passeio com os associados do grupo da Associação de São José. O local do passeio foi no Restaurante Minha Fazenda, localizado no povoado Sítio Novo, zona rural de Bacabal. Foi um dia de recreação e muita conversa. Ao chegarmos fizemos uma oração, para que o Espirito Santo iluminasse o nosso dia e que tudo corresse na perfeita harmonia.
Foi um dia muita integração, caminhadas pelo espaço e banhos na piscina para quem quis. Todos nós saímos reabastecidos para enfrentarmos o nosso dia com as energias renovadas. Que venham mais passeios!

Texto base da campanha da fraternidade 2020

Texto base da campanha da fraternidade 2020

Padre Reginaldo Manzotti (boletim informativo de 05/02/2020)


Filhos e filhas,
Estamos já no início de fevereiro, quando celebramos São Brás. Brasa, chama do amor de Deus, da fé, do amor ao próximo. A vida heroica de São Brás é um estímulo para que mantenhamos também acesa em nossas almas a brasa do amor por Deus, que nos amou primeiro.
E isto está na Palavra de Deus: “Amemos, porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser ‘Amo a Deus’, mas odeia seu irmão, é um mentiroso, pois no coração de quem ama a Deus não há espaço para o ódio” (1Jo 4,19-20). Essa é a base daquilo em que nós acreditamos e por isso professamos. Deus é a maior referência do amor, pois abrange, na Sua essência, a plenitude desse sentimento, bem como todo e qualquer significado que nós podemos ter de amor.
Somos pequenos, frágeis e limitados diante daquilo que Deus personifica: a perfeição máxima do amor. Por isso, quando amamos, somos tão idealistas. A nossa referência é a mais perfeita, única e singular: é Deus. Trata-se da busca constante por vivenciar e experimentar esse amor de Deus.
Por outro lado, existem exigências. No dia a dia, existe um certo desgaste gerado por frases como: “Eu amo meu time de futebol”, “Como amo fazer isso!”, “Amo cantar”, “Amo minha profissão”, etc. Será que tudo isso é amor? De duas, uma: ou o uso da palavra em questão está equivocado ou o ato de amar tem significados e intensidades diferentes.
Na verdade, as duas observações procedem. Porém, o que não podemos perder é a noção de que todas essas formas de expressar esse sentimento, nas suas dimensões mais específicas, caminham para um amor maior, que é Deus. Quem primeiro amou o mundo foi Ele. A natureza, a Criação é um ato do amor de Deus. E em Seu filho, Jesus, com profundo amor, Ele nos dá a remissão.
Os antigos gregos usavam três palavras para qualificar as dimensões do amor: Eros, Filia e Ágape.
Eros é o amor carnal e remete ao desejo entre homem e mulher. Ele simboliza o amor romântico, do qual faz parte a atração sexual. Também implica a contemplação do belo e a existência de sentimentos como paixão e ciúme.
Filia é o amor que se coloca a serviço e visa primeiramente ao bem do outro. Não possui conotação sexual ou desejo carnal, correspondendo ao sentimento existente entre amigos. Um belo exemplo do amor amizade encontramos entre Davi e Jônatas. Assim também era o amor de Jesus pelos Apóstolos.
Por fim, no plano mais elevado, está o amor Ágape, que é divino. Podemos ter uma experiência de sua dimensão a partir de Jesus, pois Ele é a revelação do amor do Pai, "Deus é amor" (1 Jo 4,8). 
Para a doutrina católica, não se pode separar essas três formas de amor, pois elas se fundem entre si. Conhecendo essas dimensões do amor, percebemos que amar é algo muito mais profundo. Por isso, se alguém diz que sentiu amor à primeira vista, desconfie. Na verdade, o primeiro contato pode levar à paixão, mas certamente ainda está longe do amor maduro. Não podemos reduzir o amor à admiração e à atração.
Peçamos a Deus a graça de amar verdadeiramente, como Ele nos ama. Amém!
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti

Padre Reginaldo Manzotti boletim informativo semanal (22/01/2020)

Filhos e filhas,
Nesta semana a Igreja celebra vários santos que admiro e que aprendi a pedir a Intercessão. Na segunda-feira, dia 20, celebramos São Sebastião, cuja novena fizemos no programa Experiência de Deus. Já na terça, é o dia de Santa Inês, a virgem mártir. Dia 24 de janeiro é celebrado o dia de São Francisco de Sales. Por fim, no sábado, celebramos a Conversão de São Paulo.
Todos sabem que ler sobre a vida dos santos é um dos meus hobbies preferidos. Gosto de ver que ninguém nasce santo, todos passam por um processo de conversão. O que chama minha atenção é o fato de que Deus sempre nos chama, e de uma forma ou outra, todos nós sentimos Deus.
O ser humano, a natureza humana, tem sede de Deus. Esta é uma verdade que temos que aceitar. Nossa alma tem fome, tem sede de Deus. Nossa natureza humana busca sempre o Seu Criador. Isso não tem relação com as teorias de onde, como ou quando surgiu o ser humano.
O fato é que todo ser humano é um desdobramento de Deus. Quando falamos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança é o mesmo que dizer que Deus nos fez como parte d’Ele. “Todas as criaturas são portadoras duma certa semelhança de Deus, muito especialmente o homem, criado à imagem e semelhança de Deus. As múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) refletem, pois, a perfeição infinita de Deus” (CIC 41).
Nós somos uma extensão de Deus, um derramamento de Deus e por mais que alguns não aceitem, nós temos saudades do Criador. Está em nossa natureza, em nossa essência, em nossa matéria. Então quando dizemos “tenho saudades de Deus”, “tenho fome de Deus e eu anseio por Deus” é antropológico, é natural.
O Salmista expressa esse nosso grande anseio: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,3). Depois da criação ninguém mais viu a face de Deus e o nosso grande anseio é encontrar esta face.
A vida é busca e encontro. Nossa grande busca é Deus, Ele é o amado de nossa alma, como diz São João da Cruz, num dos seus poemas espirituais: “Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer mil perigos. Nem flores colherei no caminho, pois segui-lo é preciso sem deter-me ou parar. Já não tenho outro ofício, só amar é o exercício. Solidão povoada, presença amorosa do Amado. Viver ou morrer, sem Ele eu não quero ser”!
Deus espera pacientemente que o pecador se converta e se volte para Ele. Isso me faz lembrar de um homem em particular: Santo Agostinho. Ele precisou ser forjado com muito custo por Deus para se tornar um homem de fé. Depois de sua experiência com Deus, Santo Agostinho diz que nossa alma foi feita para Deus e não encontraremos a paz enquanto não repousarmos em Deus. Santo Agostinho é o reflexo do anseio de todos nós.
Onde está a resposta da existência humana? Em Deus! Foi isso que Santo Agostinho descobriu. Tanto que chega em um determinado momento de sua vida que ele diz: “Tarde te amei Senhor. Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e não eu contigo. Exalaste perfume e respirei. Agora anseio por ti. Provei-te e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.”
Busquemos encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz, através do profeta Jeremias: “Vocês me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração” (Jr 29,13).
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti


Padre Reginaldo Manzotti boletim informativo semanal(15/01/2020)

No último domingo, celebramos a liturgia do Batismo do Senhor. Gostaria de aproveitar essa mensagem, lembrando que o tema litúrgico do domingo ecoa durante toda a semana, para tentar explicar algumas dúvidas que me chegam sobre o batismo de crianças. Muitos acham que não há necessidade de batizar uma criança porque ainda não crê e, sobretudo, não tem pecados.

Em relação ao primeiro impedimento levantado, não se justifica. Uma vez que os pequenos são batizados na fé da Igreja a pedido dos responsáveis e com a ajuda dos padrinhos, assumem o compromisso de conduzi-los na fé, instruí-los nas Sagradas Escrituras e iniciar sua participação na Igreja até que possam atingir, com o Sacramento da Crisma, o estágio da fé madura.

Quanto à ausência de pecados, de fato, não existe pureza maior que a de uma criança, a ponto de Nosso Senhor dizer: "Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos céus!" (Mc 14,10). Contudo, não é ao pecado cometido que o Batismo se refere e sim ao pecado original.

Todos nós nascemos com a herança do pecado cometido por Adão (cf. Rm 5,12), como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para o qual todos os homens são chamados” (CIC § 1250). Em outra citação do Catecismo, afirma-se: “A circuncisão de Jesus, no oitavo dia depois de seu nascimento, é sinal de sua inserção na descendência de Abraão, no povo da Aliança. Este sinal prefigura a 'circuncisão de Cristo', que é o Batismo” (CIC § 527).

Na Nova e Eterna Aliança, por sua vez, o Batismo é que nos insere na família de Deus, conforme está explicado na Carta de São Paulo aos Efésios (cf. Ef 2,11-22) e confere a possibilidade de participação na vocação única do povo escolhido – ser sacerdote, profeta e rei. Trata-se de um sacramento de iniciação, que abre as portas para todos os outros sacramentos, apaga totalmente o pecado original e nos faz renascer para uma vida nova em Cristo. Além disso, infunde-nos a graça santificante, as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo.

Os pais não esperam os filhos crescerem para proporcionar a eles boa educação. Assim, também se deve agir em relação ao Batismo. Trata-se do bem maior que os pais podem oferecer à alma dos filhos, porque é a partir dele que a graça enquanto princípio natural, começa a trabalhar, embora ainda não possam professar a fé.

O Novo Testamento menciona o Batismo como arrependimento e profissão de fé, em referência à geração de pagãos e seguidores de outras religiões que se converteram a Cristo pela pregação da Palavra. Certamente, uma criança não pode tomar esse tipo de iniciativa, mas não podemos esquecer que os convertidos professaram a fé cristã e se batizaram, como também a “todos os seus”, sendo este o caso de Cornélio (At 10,1s.24.44.47s), do carcereiro (At 16,33) e da família de Estéfanas (1 Cor 1,16). Embora não seja comentado de forma explícita, provavelmente havia crianças em seus clãs. Outro importante parâmetro é dado pela tradição da Igreja Primitiva. O Didaquê, também conhecido como Manual dos Apóstolos, prescreve o Batismo para crianças. Orígenes (185-255 d.C.), o Cristão, assim se expressa: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar Batismo também aos recém-nascidos" (Epist. ad Rom. Livro 5,9).

Por tudo isso, quanto mais cedo possível, pais, batizem seus filhos!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti




Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 01 de janeiro de 2020

Filhos e filhas, 

Feliz Ano Novo! Um abençoado 2020!

Cada novo ano é uma dádiva que Deus nos concede. É como uma página em branco, onde podemos reescrever nossa história, acertando o que estava errado, melhorando o que já estava bom. Mas, nada do que planejamos para este ano fará sentido ou atingirá seu objetivo se não tivermos o que é essencial: paz.

A paz não é apenas ausência de guerras. Claro que precisamos de paz nas ruas, paz entre as nações. Todos os dias, nos chegam enxurradas de notícias de conflito entre povos, guerrilhas, brigas, violência no trânsito, aliás violência de todo tipo, a vida humana não está valendo mais nada, porém nessa primeira mensagem do ano refiro-me especialmente à paz interior.

A verdadeira paz começa a existir do nosso encontro pessoal com Jesus, o ‘Príncipe da Paz’. Ela brota dentro de cada um de nós, para depois exteriorizar-se, manifestar e se expandir em casa, na família, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas cidades e no mundo.

Ninguém é santo, ninguém é perfeito. Amamos e odiamos, erramos e acertamos, cometemos gestos bons e maus. A nossa fragilidade humana é marcada pelo pecado, mas Deus nos amou tanto que se compadeceu de nós, em Jesus assumiu nossa humanidade, assemelhou-se a nós em tudo, menos no pecado. E, porque Jesus veio a nós a paz tornou-se possível. Ele nos disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo” (Jo 14,27).

O medo é um dos inimigos da paz. O medo nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo, também não me refiro só à agressão física, fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando. A língua pode ter uma força de agressão violenta. Por isso, ao nos deixar a paz Jesus nos recomendou que não tivéssemos medo, por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.

A mentira é outra inimiga da paz. A pessoa que pratica o mal não gosta de ver as coisas ruins à luz da verdade, ela se esconde. Por isso, quem faz o mal não gosta da luz. E Jesus é luz e quem caminha no mal, quem é mentiroso, desonesto, quem busca o pecado não quer a luz, prefere as trevas, as sombras, prefere fazer as coisas na surdina, nas fofocas, intrigas, promovendo as discórdias.

Se não temos paz, além de não sermos felizes, deixamos os que estão próximos a nós infelizes, porque a luz irradia, mas, o mal também irradia. Porém, a paz, além de ser um dom de Deus, é uma construção diária que depende muito de nós. Depende de nossas atitudes, de sermos capazes de nos reconciliar, nos acolher, nos perdoar e libertar-nos das mágoas e ressentimentos.

A paz interior é um dom do Espírito Santo, como nos diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz” (Gl 5,22). Isso quer dizer que ela deve ser pedida como o próprio Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7). Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A paz já nos foi concedida!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti