Padre Reginaldo Manzotti (Boletim informativo semanal – 27/10/2022)

 

Filhos e filhas,

Todos nós queremos crescer, é da nossa natureza, até já preguei retiro sobre isso. E se nós queremos crescer, faz parte do processo examinar a consciência. Mas, podemos nos perguntar, o que é consciência? E há ainda outra indagação, se existe consciência, por que insistimos no errado?

Devemos sempre estar em estado vigilante, será que permanecemos no erro devido a uma consciência relaxada e danificada? A nossa liberdade traz uma responsabilidade, sim somos livres: “É para a liberdade que cristo nos libertou” (Gl 1, 5).

Somos livres na prática do bem. É para a liberdade que Cristo nos libertou, mas uma liberdade que embase a ressurreição em Jesus, uma libertação em Jesus, um sepulcro vazio em Jesus, uma liberdade que deve nos levar a uma boa consciência.

Deus nos deu o chamado “livre arbítrio”, que é a liberdade de fazermos escolhas, de agir ou não agir, de fazer as coisas ou não fazer. Essa liberdade alcança a sua perfeição quando está em profunda sintonia com Deus.

A liberdade que nós cristãos temos, nem Deus na sua onipotência nos tirará, nem Jesus no seu ato redentor nos tirou. Pelas Suas Santas Chagas, Ele nos abriu a porta e quebrou os grilhões, mas sair depende de nós.

Na última refeição com os apóstolos, podemos imaginar a angústia de Jesus, sabendo que a seu lado estava o traidor. Jesus ainda tentou salvá-lo, dizendo: “Quem vai me trair é aquele que comigo põe a mão no prato” (Mt 26, 23), mas não pode interferir, teve que contar com o livre arbítrio de Judas. A decisão foi de Judas.

A liberdade pode ser nossa redenção ou nossa perdição completa. Dar senhorio a Jesus e segui-lo, é submeter a nossa liberdade, a nossa vontade à Dele, porque Ele é o Senhor. Foi assim, entre Jesus e o Pai. A vida de Jesus não foi tirada, Ele a entregou livremente, em favor dos homens, por amor ao Pai.

Deus nos quer, mas Ele não nos obriga. É uma decisão pessoal voluntária, sem coação, sem medo. Nós temos a liberdade e, se nós dizemos cristãos batizados, devemos entregar nossa liberdade ao discipulado de Jesus.

A liberdade dada por Cristo é compreender que Ele é grande e dizer que nós, em nossa pequenez, na nossa razão limitada, não O alcançamos, mas O aceitamos. Discernir nossa liberdade, nossa vontade e a vontade de Deus é outro problema sério da nossa consciência.

A consciência que temos é o julgamento da razão, sobre um ato que fazemos ou que planejamos fazer. A consciência é quem vai nos dizer se é justo, correto ou injusto e mau. Este dispositivo está em nossa alma, é a essência divina em nós. É uma lei do nosso espírito que ultrapassa a nós mesmos. A consciência é como sacrário em que Deus nos fala.

Se os princípios que nos movem não são de Deus, a liberdade ao invés de nos levar à perfeição levará para o abismo. A consciência tem que ser educada, esclarecida, reta, formada pela razão. A paixão não é contraria à razão, mas a razão tem que ter domínio sobre a paixão. Talvez a paixão nos mova, mas quem decide tem que ser a razão. A paixão mal-usada pode nos levar à perdição.

Temos que nos cuidar porque vivemos no mundo e somos continuamente influenciados na formação de nossa consciência. Formar a consciência é uma tarefa para toda a vida. Quem consegue um nível de consciência reta, encontra a paz.

Que possamos ser livres em Deus, para sermos plenamente felizes.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti


Padre Reginaldo Manzotti (boletim informativo semanal)

 

Filhos e filhas,

Estamos encerrando o mês da Bíblia. Tendo em vista a memória litúrgica de São Jerônimo, patrono dos biblistas, celebrado todos os anos em 30 de setembro, a Igreja Católica dedica o referido mês para a Bíblia.

Escrita em três idiomas – hebraico, aramaico e grego –, a Bíblia foi traduzida para o latim por São Jerônimo a pedido do Papa Damásio I. Assim, após anos de dedicação, estudo e trabalho, São Jerônimo concluiu a chamada Vulgata, primeira tradução latina da Bíblia.

Com o passar do tempo, a Bíblia se tornou o livro mais procurado, lido e pesquisado de todos os tempos. Consequentemente, também é a obra com maior número de publicações na história da humanidade, tendo sido traduzida do latim para a maior parte das línguas e dialetos existentes no mundo.

A Igreja Católica adotou o cânon (princípio) grego, por isso sua Bíblia é composta por 46 livros no Antigo Testamento, dos quais 39 são conhecidos como protocanônicos, isto é, foram catalogados em primeiro lugar. Os outros sete livros adicionais, catalogados posteriormente, denominados deuterocanônicos, já se econtravam na versão grega (Septuaginta), mas não existem na versão hebraica. O Novo Testamento é composto por 27 livros.  Vale ressaltar que os sete livros deuterocanônicos não integram a Bíblia Protestante, contudo essa diferença não impede que, católicos ou não, todos nós, cristãos, reconheçamos a Bíblia como verdadeira depositária da Palavra de Deus.

A Bíblia não veio do céu pronta. Pessoas inspiradas pelo Espírito Santo a escreveram. Mas, apesar de ter sido materializada por mãos humanas, o autor da Bíblia é Deus. Como ensina São Paulo em sua segunda carta a Timóteo: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça. Por ela, o homem de Deus se torna perfeito, capacitado para toda boa obra” (2 Tm 3, 16).

Sim, o Espírito Santo inspirou a redação, dando aos escritores faculdades e capacidades para que pudessem transcrever aquilo que era da vontade de Deus. Consequentemente, os livros inspirados por Deus, escritos por homens em linguagem humana, trazem a VERDADE. A Palavra de Deus é viva e eficaz (Hb 4, 12). Não é "letra morta" e, justamente por isso, age como "fermento". Ela não é estática, a cada vez que a lemos, ainda que o conteúdo seja o mesmo, sempre descobrimos novos significados que, talvez, não tenham sido percebidos anteriormente.

Demandadora de leitura constante e aprofundada, a Bíblia não é um romance, uma novela ou uma notícia de jornal. Para entendê-la melhor, é importante prestar atenção a informações cruciais como quando e onde ocorreu cada uma das passagens relatadas; quem são os personagens envolvidos, tanto o principal quanto os coadjuvantes; e, por fim, qual a mensagem transmitida a nós por cada texto. Essa é a forma mais coerente de nos debruçarmos sobre a Palavra de Deus numa atitude de oração, lendo a "carta" que é fruto do Seu amor por nós e estabelecendo com Ele um diálogo franco e revelador.

De fato, quando rezamos, falamos com Deus; quando lemos as Sagradas Escrituras e meditamos sobre seu conteúdo, Deus nos fala.

São Jerônimo afirmou: “Desconhecer a Sagrada Escritura é ignorar o próprio Cristo”.

Por tudo isso, reforço que a Bíblia não deve ser um adorno a criar poeira em cima de um móvel qualquer, tampouco pode ficar fechada numa estante. A Palavra de Deus deve ser internalizada e vivenciada todos os dias. Então, faça de sua Bíblia seu livro de cabeceira.

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti