Padre Reginaldo Manzotti boletim informativo semanal (22/01/2020)

Filhos e filhas,
Nesta semana a Igreja celebra vários santos que admiro e que aprendi a pedir a Intercessão. Na segunda-feira, dia 20, celebramos São Sebastião, cuja novena fizemos no programa Experiência de Deus. Já na terça, é o dia de Santa Inês, a virgem mártir. Dia 24 de janeiro é celebrado o dia de São Francisco de Sales. Por fim, no sábado, celebramos a Conversão de São Paulo.
Todos sabem que ler sobre a vida dos santos é um dos meus hobbies preferidos. Gosto de ver que ninguém nasce santo, todos passam por um processo de conversão. O que chama minha atenção é o fato de que Deus sempre nos chama, e de uma forma ou outra, todos nós sentimos Deus.
O ser humano, a natureza humana, tem sede de Deus. Esta é uma verdade que temos que aceitar. Nossa alma tem fome, tem sede de Deus. Nossa natureza humana busca sempre o Seu Criador. Isso não tem relação com as teorias de onde, como ou quando surgiu o ser humano.
O fato é que todo ser humano é um desdobramento de Deus. Quando falamos que Deus nos fez à sua imagem e semelhança é o mesmo que dizer que Deus nos fez como parte d’Ele. “Todas as criaturas são portadoras duma certa semelhança de Deus, muito especialmente o homem, criado à imagem e semelhança de Deus. As múltiplas perfeições das criaturas (a sua verdade, a sua bondade, a sua beleza) refletem, pois, a perfeição infinita de Deus” (CIC 41).
Nós somos uma extensão de Deus, um derramamento de Deus e por mais que alguns não aceitem, nós temos saudades do Criador. Está em nossa natureza, em nossa essência, em nossa matéria. Então quando dizemos “tenho saudades de Deus”, “tenho fome de Deus e eu anseio por Deus” é antropológico, é natural.
O Salmista expressa esse nosso grande anseio: “Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo: quando voltarei a ver a face de Deus?” (Sl 42,3). Depois da criação ninguém mais viu a face de Deus e o nosso grande anseio é encontrar esta face.
A vida é busca e encontro. Nossa grande busca é Deus, Ele é o amado de nossa alma, como diz São João da Cruz, num dos seus poemas espirituais: “Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer mil perigos. Nem flores colherei no caminho, pois segui-lo é preciso sem deter-me ou parar. Já não tenho outro ofício, só amar é o exercício. Solidão povoada, presença amorosa do Amado. Viver ou morrer, sem Ele eu não quero ser”!
Deus espera pacientemente que o pecador se converta e se volte para Ele. Isso me faz lembrar de um homem em particular: Santo Agostinho. Ele precisou ser forjado com muito custo por Deus para se tornar um homem de fé. Depois de sua experiência com Deus, Santo Agostinho diz que nossa alma foi feita para Deus e não encontraremos a paz enquanto não repousarmos em Deus. Santo Agostinho é o reflexo do anseio de todos nós.
Onde está a resposta da existência humana? Em Deus! Foi isso que Santo Agostinho descobriu. Tanto que chega em um determinado momento de sua vida que ele diz: “Tarde te amei Senhor. Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e não eu contigo. Exalaste perfume e respirei. Agora anseio por ti. Provei-te e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz.”
Busquemos encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz, através do profeta Jeremias: “Vocês me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração” (Jr 29,13).
Deus abençoe,
Padre Reginaldo Manzotti


Padre Reginaldo Manzotti boletim informativo semanal(15/01/2020)

No último domingo, celebramos a liturgia do Batismo do Senhor. Gostaria de aproveitar essa mensagem, lembrando que o tema litúrgico do domingo ecoa durante toda a semana, para tentar explicar algumas dúvidas que me chegam sobre o batismo de crianças. Muitos acham que não há necessidade de batizar uma criança porque ainda não crê e, sobretudo, não tem pecados.

Em relação ao primeiro impedimento levantado, não se justifica. Uma vez que os pequenos são batizados na fé da Igreja a pedido dos responsáveis e com a ajuda dos padrinhos, assumem o compromisso de conduzi-los na fé, instruí-los nas Sagradas Escrituras e iniciar sua participação na Igreja até que possam atingir, com o Sacramento da Crisma, o estágio da fé madura.

Quanto à ausência de pecados, de fato, não existe pureza maior que a de uma criança, a ponto de Nosso Senhor dizer: "Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos céus!" (Mc 14,10). Contudo, não é ao pecado cometido que o Batismo se refere e sim ao pecado original.

Todos nós nascemos com a herança do pecado cometido por Adão (cf. Rm 5,12), como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Por nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, também as crianças precisam do novo nascimento no Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para o qual todos os homens são chamados” (CIC § 1250). Em outra citação do Catecismo, afirma-se: “A circuncisão de Jesus, no oitavo dia depois de seu nascimento, é sinal de sua inserção na descendência de Abraão, no povo da Aliança. Este sinal prefigura a 'circuncisão de Cristo', que é o Batismo” (CIC § 527).

Na Nova e Eterna Aliança, por sua vez, o Batismo é que nos insere na família de Deus, conforme está explicado na Carta de São Paulo aos Efésios (cf. Ef 2,11-22) e confere a possibilidade de participação na vocação única do povo escolhido – ser sacerdote, profeta e rei. Trata-se de um sacramento de iniciação, que abre as portas para todos os outros sacramentos, apaga totalmente o pecado original e nos faz renascer para uma vida nova em Cristo. Além disso, infunde-nos a graça santificante, as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo.

Os pais não esperam os filhos crescerem para proporcionar a eles boa educação. Assim, também se deve agir em relação ao Batismo. Trata-se do bem maior que os pais podem oferecer à alma dos filhos, porque é a partir dele que a graça enquanto princípio natural, começa a trabalhar, embora ainda não possam professar a fé.

O Novo Testamento menciona o Batismo como arrependimento e profissão de fé, em referência à geração de pagãos e seguidores de outras religiões que se converteram a Cristo pela pregação da Palavra. Certamente, uma criança não pode tomar esse tipo de iniciativa, mas não podemos esquecer que os convertidos professaram a fé cristã e se batizaram, como também a “todos os seus”, sendo este o caso de Cornélio (At 10,1s.24.44.47s), do carcereiro (At 16,33) e da família de Estéfanas (1 Cor 1,16). Embora não seja comentado de forma explícita, provavelmente havia crianças em seus clãs. Outro importante parâmetro é dado pela tradição da Igreja Primitiva. O Didaquê, também conhecido como Manual dos Apóstolos, prescreve o Batismo para crianças. Orígenes (185-255 d.C.), o Cristão, assim se expressa: “A Igreja recebeu dos Apóstolos a tradição de dar Batismo também aos recém-nascidos" (Epist. ad Rom. Livro 5,9).

Por tudo isso, quanto mais cedo possível, pais, batizem seus filhos!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti




Pe. Reginaldo Manzotti | Boletim Informativo - 01 de janeiro de 2020

Filhos e filhas, 

Feliz Ano Novo! Um abençoado 2020!

Cada novo ano é uma dádiva que Deus nos concede. É como uma página em branco, onde podemos reescrever nossa história, acertando o que estava errado, melhorando o que já estava bom. Mas, nada do que planejamos para este ano fará sentido ou atingirá seu objetivo se não tivermos o que é essencial: paz.

A paz não é apenas ausência de guerras. Claro que precisamos de paz nas ruas, paz entre as nações. Todos os dias, nos chegam enxurradas de notícias de conflito entre povos, guerrilhas, brigas, violência no trânsito, aliás violência de todo tipo, a vida humana não está valendo mais nada, porém nessa primeira mensagem do ano refiro-me especialmente à paz interior.

A verdadeira paz começa a existir do nosso encontro pessoal com Jesus, o ‘Príncipe da Paz’. Ela brota dentro de cada um de nós, para depois exteriorizar-se, manifestar e se expandir em casa, na família, no ambiente de trabalho, nas ruas, nas cidades e no mundo.

Ninguém é santo, ninguém é perfeito. Amamos e odiamos, erramos e acertamos, cometemos gestos bons e maus. A nossa fragilidade humana é marcada pelo pecado, mas Deus nos amou tanto que se compadeceu de nós, em Jesus assumiu nossa humanidade, assemelhou-se a nós em tudo, menos no pecado. E, porque Jesus veio a nós a paz tornou-se possível. Ele nos disse: “Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo” (Jo 14,27).

O medo é um dos inimigos da paz. O medo nos leva à insegurança, à desconfiança, a nos armarmos contra aqueles que pensamos ser ameaça para nós. Não digo que estejamos com armas de fogo, também não me refiro só à agressão física, fazemos de nossa língua uma arma mortal, espalhando fofoca e maledicência, “puxando o tapete”, mentindo e intimidando. A língua pode ter uma força de agressão violenta. Por isso, ao nos deixar a paz Jesus nos recomendou que não tivéssemos medo, por isso também, em seguida, Ele nos mandou amar-nos uns aos outros (cf. Jo 15,17). O medo separa, desequilibra e desune; o amor atrai, congrega, dá segurança e traz a paz.

A mentira é outra inimiga da paz. A pessoa que pratica o mal não gosta de ver as coisas ruins à luz da verdade, ela se esconde. Por isso, quem faz o mal não gosta da luz. E Jesus é luz e quem caminha no mal, quem é mentiroso, desonesto, quem busca o pecado não quer a luz, prefere as trevas, as sombras, prefere fazer as coisas na surdina, nas fofocas, intrigas, promovendo as discórdias.

Se não temos paz, além de não sermos felizes, deixamos os que estão próximos a nós infelizes, porque a luz irradia, mas, o mal também irradia. Porém, a paz, além de ser um dom de Deus, é uma construção diária que depende muito de nós. Depende de nossas atitudes, de sermos capazes de nos reconciliar, nos acolher, nos perdoar e libertar-nos das mágoas e ressentimentos.

A paz interior é um dom do Espírito Santo, como nos diz a Carta aos Gálatas: “Por seu lado, são estes os frutos do Espírito: amor, alegria, paz” (Gl 5,22). Isso quer dizer que ela deve ser pedida como o próprio Apóstolo Paulo afirma: “Apresentem a Deus todas as necessidades de vocês através da oração e da súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que ultrapassa toda compreensão, guardará em Jesus Cristo os corações e pensamentos de vocês” (Fl 4,7). Esse trecho da Carta aos Filipenses nos dá uma certeza que a paz não é uma utopia, não é um “talvez”, mas é uma certeza em Jesus. Ele venceu o mundo! A paz já nos foi concedida!

Deus abençoe,

Padre Reginaldo Manzotti