No
último domingo, celebramos a liturgia do Batismo do Senhor. Gostaria
de aproveitar essa mensagem, lembrando que o tema litúrgico do
domingo ecoa durante toda a semana, para tentar explicar algumas
dúvidas que me chegam sobre o batismo de crianças. Muitos acham que
não há necessidade de batizar uma criança porque ainda não crê
e, sobretudo, não tem pecados.
Em
relação ao primeiro impedimento levantado, não se justifica. Uma
vez que os pequenos são batizados na fé da Igreja a pedido dos
responsáveis e com a ajuda dos padrinhos, assumem o compromisso de
conduzi-los na fé, instruí-los nas Sagradas Escrituras e iniciar
sua participação na Igreja até que possam atingir, com o
Sacramento da Crisma, o estágio da fé madura.
Quanto
à ausência de pecados, de fato, não existe pureza maior que a de
uma criança, a ponto de Nosso Senhor dizer:
"Deixai vir a mim os pequeninos, porque deles é o reino dos
céus!" (Mc 14,10). Contudo,
não é ao pecado cometido que o Batismo se refere e sim ao pecado
original.
Todos
nós nascemos com a herança do pecado cometido por Adão (cf. Rm
5,12), como ensina o Catecismo da Igreja Católica: “Por
nascerem com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado
original, também as crianças precisam do novo nascimento no
Batismo, a fim de serem libertadas do poder das trevas e transferidas
para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, para o qual todos os
homens são chamados” (CIC §
1250). Em outra citação do Catecismo, afirma-se: “A
circuncisão de Jesus, no oitavo dia depois de seu nascimento, é
sinal de sua inserção na descendência de Abraão, no povo da
Aliança. Este sinal prefigura a 'circuncisão de Cristo', que é o
Batismo” (CIC § 527).
Na
Nova e Eterna Aliança, por sua vez, o Batismo é que nos insere na
família de Deus, conforme está explicado na Carta de São Paulo aos
Efésios (cf. Ef 2,11-22) e confere a possibilidade de participação
na vocação única do povo escolhido – ser sacerdote, profeta e
rei. Trata-se de um sacramento de iniciação, que abre as portas
para todos os outros sacramentos, apaga totalmente o pecado original
e nos faz renascer para uma vida nova em Cristo. Além disso,
infunde-nos a graça santificante, as virtudes infusas e os dons do
Espírito Santo.
Os
pais não esperam os filhos crescerem para proporcionar a eles boa
educação. Assim, também se deve agir em relação ao Batismo.
Trata-se do bem maior que os pais podem oferecer à alma dos filhos,
porque é a partir dele que a graça enquanto princípio natural,
começa a trabalhar, embora ainda não possam professar a fé.
O
Novo Testamento menciona o Batismo como arrependimento e profissão
de fé, em referência à geração de pagãos e seguidores de outras
religiões que se converteram a Cristo pela pregação da Palavra.
Certamente, uma criança não pode tomar esse tipo de iniciativa, mas
não podemos esquecer que os convertidos professaram a fé cristã e
se batizaram, como também a “todos os seus”, sendo este o caso
de Cornélio (At 10,1s.24.44.47s), do carcereiro (At 16,33) e da
família de Estéfanas (1 Cor 1,16). Embora não seja comentado de
forma explícita, provavelmente havia crianças em seus clãs. Outro
importante parâmetro é dado pela tradição da Igreja Primitiva. O
Didaquê, também conhecido como Manual dos Apóstolos, prescreve o
Batismo para crianças. Orígenes (185-255 d.C.), o Cristão, assim
se expressa: “A Igreja recebeu dos
Apóstolos a tradição de dar Batismo também aos recém-nascidos"
(Epist. ad Rom. Livro 5,9).
Por
tudo isso, quanto mais cedo possível, pais, batizem seus filhos!
Deus
abençoe,
Padre
Reginaldo Manzotti
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