Filhos e
Filhas,
A
vida é busca e encontro. Nossa grande busca é Deus. Ele é o amado
de nossa alma, como diz São João da Cruz, num dos seus poemas
espirituais:
“Buscando meu Amor, meu Amado, vou por montes e vales, sem temer
mil perigos. Nem flores colherei no caminho, pois segui-lo é preciso
sem deter-me ou parar. Já não tenho outro ofício, só amar é o
exercício. Solidão povoada, presença amorosa do Amado. Viver ou
morrer, sem Ele eu não quero ser”!
Busquemos
encontrar Deus e Ele se deixará encontrar. O próprio Deus nos diz,
através do profeta Jeremias: “Vocês
me procurarão e me encontrarão se me buscarem de todo o coração”
(Jr 29,13).
Não
importa se é como nos diz a Parábola dos trabalhadores da vinha (Mt
20,1-16), ao amanhecer, ao meio dia ou ao entardecer de nossa
existência vamos ter um encontro com Deus, se não pelo amor, pela
dor.
Deus
espera pacientemente que o pecador se converta e se volte para Ele.
Isso me faz lembrar de um homem em particular: Santo Agostinho. Ele
deu um trabalho imenso para sua mãe Santa Mônica. Ele era da “pá
virada”: teve um filho com uma prostituta, era ateu e precisou ser
forjado com muito custo por Deus para se tornar um homem de fé.
Depois de sua experiência com Deus, Santo Agostinho diz que nossa
alma foi feita para Deus e não encontraremos a paz enquanto não
repousarmos em Deus. Santo Agostinho é o reflexo do anseio de todos
nós.
Onde
está a resposta da existência humana? Em Deus! Foi isso que Santo
Agostinho descobriu. Tanto que chega um momento em sua vida que ele
diz: “Tarde
te amei Senhor. Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova,
tarde te amei! Eis que estavas dentro e eu fora. Estavas comigo e não
eu contigo. Exalaste perfume e respirei. Agora anseio por ti.
Provei-te e tenho fome e sede. Tocaste-me e ardi por tua paz”.
Jesus
nos revelou o Pai. Ele é o caminho que nos leva ao Pai, Ele é a luz
que dissipa as trevas. Ele disse eu vim como luz (cf. Jo 12, 46), mas
o mundo preferiu as trevas. Quem vive no pecado não quer luz. Todos
fomos crianças e quem tem filhos sabe que quando a criança é
arteira e que quando apronta alguma coisa errada, entra dentro de
casa e vai pelos cantos escuros para não ser vista, para não chamar
a atenção e não ser castigada. É a mesma coisa quem anda no
pecado. Não quer luz, não quer discernimento, quer se afastar da
Igreja, quer se afastar dos sacramentos, das pessoas de bem.
Pecado
gera pecado e quem está no meio do pecado quer andar na escuridão
do pecado, para que a podridão não venha à tona. Então, se
aproximar da luz de Jesus significa olhar para nossa própria
podridão, olhar para nossos pecados e dizer: “Sou eu, Senhor.
Dissipe as trevas da minha vida”.
Jesus
é verdade! Não a verdade do mundo que é idêntica a analgésico,
que tira a dor, mas não cura. A verdade do mundo fascina, ludibria,
cega e engana. A verdade de Deus, muitas vezes dói, mas sempre
liberta. A felicidade que buscamos e que sei que todos buscamos, só
encontraremos em Deus, por Jesus. Não depositemos a razão de nossa
felicidade em pessoas, não arrisquemos todos os trunfos da nossa
vida em alguém. Arrisquemos em Deus, Ele é fiel. Busquemos a luz
sem trevas, a verdade sem mentiras, a felicidade absoluta que é
Deus, em Cristo Jesus.
Deus
abençoe,
Padre
Reginaldo Manzotti
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