Filhos
e filhas,
Estamos
já no início de fevereiro, quando celebramos São Brás. Brasa,
chama do amor de Deus, da fé, do amor ao próximo. A vida heroica de
São Brás é um estímulo para que mantenhamos também acesa em
nossas almas a brasa do amor por Deus, que nos amou primeiro.
E
isto está na Palavra de Deus: “Amemos,
porque Ele nos amou primeiro. Se alguém disser ‘Amo a Deus’, mas
odeia seu irmão, é um mentiroso, pois no coração de quem ama a
Deus não há espaço para o ódio” (1Jo 4,19-20).
Essa é a base daquilo em que nós acreditamos e por isso
professamos. Deus é a maior referência do amor, pois abrange, na
Sua essência, a plenitude desse sentimento, bem como todo e qualquer
significado que nós podemos ter de amor.
Somos
pequenos, frágeis e limitados diante daquilo que Deus personifica: a
perfeição máxima do amor. Por isso, quando amamos, somos tão
idealistas. A nossa referência é a mais perfeita, única e
singular: é Deus. Trata-se da busca constante por vivenciar e
experimentar esse amor de Deus.
Por
outro lado, existem exigências. No dia a dia, existe um certo
desgaste gerado por frases como: “Eu amo meu time de futebol”,
“Como amo fazer isso!”, “Amo cantar”, “Amo minha
profissão”, etc. Será que tudo isso é amor? De duas, uma: ou o
uso da palavra em questão está equivocado ou o ato de amar tem
significados e intensidades diferentes.
Na
verdade, as duas observações procedem. Porém, o que não podemos
perder é a noção de que todas essas formas de expressar esse
sentimento, nas suas dimensões mais específicas, caminham para um
amor maior, que é Deus. Quem primeiro amou o mundo foi Ele. A
natureza, a Criação é um ato do amor de Deus. E em Seu filho,
Jesus, com profundo amor, Ele nos dá a remissão.
Os
antigos gregos usavam três palavras para qualificar as dimensões do
amor: Eros, Filia e Ágape.
Eros
é o amor carnal e remete ao desejo entre homem e mulher. Ele
simboliza o amor romântico, do qual faz parte a atração sexual.
Também implica a contemplação do belo e a existência de
sentimentos como paixão e ciúme.
Filia
é o amor que se coloca a serviço e visa primeiramente ao bem do
outro. Não possui conotação sexual ou desejo carnal,
correspondendo ao sentimento existente entre amigos. Um belo exemplo
do amor amizade encontramos entre Davi e Jônatas. Assim também era
o amor de Jesus pelos Apóstolos.
Por
fim, no plano mais elevado, está o amor Ágape, que é divino.
Podemos ter uma experiência de sua dimensão a partir de Jesus, pois
Ele é a revelação do amor do Pai, "Deus
é amor" (1 Jo 4,8).
Para
a doutrina católica, não se pode separar essas três formas de
amor, pois elas se fundem entre si. Conhecendo essas dimensões do
amor, percebemos que amar é algo muito mais profundo. Por isso, se
alguém diz que sentiu amor à primeira vista, desconfie. Na verdade,
o primeiro contato pode levar à paixão, mas certamente ainda está
longe do amor maduro. Não podemos reduzir o amor à admiração e à
atração.
Peçamos
a Deus a graça de amar verdadeiramente, como Ele nos ama. Amém!
Deus
abençoe,
Padre
Reginaldo Manzotti
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