A oração nos conduz a Deus

Existe três modelos  de oração, como uma forma de nos relacionarmos com Deus: o primeiro modelo  de oração  é a vocal. Esta é uma maneira simples e eficaz de nos colocarmos na presença de Deus. O Pai Nosso é um modelo de oração vocal que o próprio Cristo nos ensinou, porém o problema é a disciplina, a concentração. É o "piloto automático" que ligamos e, por já saber de cor repetimos apenas da boca para fora, sem a intimidade com Deus.
Mas não devemos negligenciar esta forma de oração, como disse Santa Tereza De Ávila: "Muitas pessoas, rezando vocalmente (...) são elevadas por Deus, sem saber como, a uma alta concentração".
Se colocamos amor, mesmo quando não temos vontade de rezar, vencendo o egoísmo e a preguiça, este modelo de oração nos enriquece espiritualmente. Santa Terezinha do Menino Jesus nos deixou, nos escritos, um exemplo disso: "Alguma vezes - dizia -, quando o meu espírito se encontra numa secura tão grande que me é impossível formar um só pensamento para unir-me a Deus, rezo muito devagar o Pai-Nosso e depois a Ave-maria. Assim rezadas, estas orações encantam-me e alimentam a minha alma...."
Se o primeiro modelo de oração é o vocal, o segundo é a meditação. Hoje vivemos num corre-corre, somos escravos de um relógio que nunca para. Buscamos algo que nem sabemos o que é.
Corremos atrás de coisas e, quando as alcançamos, muitas vezes não sabemos o que fazer. É perigoso porque nós realmente nos tornamos estressados, cansados, irritados e, muitas vezes, deixamos de sermos donos de nós mesmos e acabamos tomando certas atitudes em relação a pessoas  que mostram um lado horrível e não trabalhado em nós, e que, se tivéssemos parado um pouquinho para pensar, não teríamos feito. A palavra não teria saído de nossa boca.
A questão somos nós. Estamos falando de meditação, uma procura de quê? De Deus, daquela intimidade. A palavra é intimidade com Deus, nos tornarmos íntimos na medida em que  confiamos. Tornamo-nos íntimos na medida em nós nos tornamos inteiros. É essa intimidade com Deus que precisamos procurar.
A meditação é uma busca, uma procura. É saber compreender o porquê da nossa existência, meditar é ter o olhar que leva à contemplação,
A oração meditativa, portanto, é a pessoa abrir a mente, o inconsciente e, principalmente a consciência que é o local sagrado onde Deus fala. É um lugar onde ninguém mexe. E deixar Deus dar a resposta.
Mas atenção, meditação  não é ficar "zen". É se colocar na presença de Deus e pedir: Senhor fala comigo. É como Samuel: "Fala Senhor que teu servo escuta" (1Sm 3,9). É fazer como Maria que guardava tudo no coração. Isso é meditação, por isso, meditar é um exercício. Exercitar a vida de oração. É você tentar encontrar a resposta:" Senhor o que queres que eu faça?"
E o terceiro modelo de oração é a contemplação. Oração contemplativa é aquela que separamos para estarmos a sós. Precisamos ter um "Horebe",  um local de oração em casa. Com a Bíblia aberta, um crucifixo, onde se pode reservar para ficar em silêncio interior e exterior, É estar a sós com Aquele que nosso coração ama. É Jesus que vamos contemplar nesse momento a sós. "Onde está o teu tesouro está ali também o teu coração", disse Nosso Senhor Jesus Cristo (Mt 6,21).
Na oração vocal nós falamos com Deus. Na meditação Deus nos fala. Na oração mental há um dialogo silencioso e amoroso entre Deus e nós, o amante e o amado.
A oração transfigura, a oração transcende, a oração muda, a oração converte, a oração verdadeira nos impulsiona.
Muitas vezes, nossas orações não estão sendo qualificativas, nós estamos sendo mecânicos, ritualistas, cumpridores e observadores, mas não estamos deixando nos tocar por Deus. Está sendo um caminho de ida, mas não há o caminho de volta. Não porque Deus não quer, porque não deixamos, nós não O escutamos.
Na mesma proporção que nos dedicamos a cuidarmos do corpo, devemos dedicar  a cuidar do espírito. Se, na  mesma proporção, que buscamos  manter a sobrevivência do corpo, buscássemos manter  a sobrevivência da alma  não seríamos tão doentes espiritualmente, desnutridos, desesperados  e desgastados. Por isso, devemos insistir na disciplina, no reservar um momento  para a intimidade com Deus. 
A oração é um combate e nós devemos lutar contra tudo aquilo que nos faz desanimar. Como  a sensação de fracasso, ressentimento, decepção, de não termos  sido atendidos. Chamo a atenção para o que diz, um dos Padres do Deserto: "Não te aflijas quando não receberes imediatamente de Deus, o objeto de teu pedido: é que Ele quer  fazer-te ainda maior bem, por tua perseverança em permanecer com Ele na oração" (Evágrio Pôntico), "Ele quer que nosso desejo seja provado na oração. Assim Ele nos prepara  para receber aquilo que Ele está pronto  a nos dar." (Santo Agostinho). Esses pensamentos dizem para não nos desesperarmos, a demora de Deus é uma provação da oração, nos prepara para a graça que vamos receber. Essa é a prática de esperar em Deus que requer recolhimento. A meditação nos ajuda neste  contexto de sempre voltarmos o pensamento para Deus e aumentar a esperança, sem cairmos em desespero.
Termino citando mais um Grande Santo de nossa Igreja, Santo Afonso de Ligório: "É preciso que nos convençamos de que  da oração depende todo o nosso bem. Da oração depende a nossa  mudança de vida, o vencer  das tentações; dela depende conseguirmos o amor de Deus, a perfeição, a perseverança e a salvação eterna".
(Jornal do Evangelizador, Ano VIII - Fevereiro/2015, pág. 10)

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