Filhos e filhas,
Pelas
suas Chagas fomos curados, pela sua cruz fomos libertados.
Eterno
Pai, eu Vos ofereço as Santas Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo,
as Santas Chagas da nossa redenção, para a nossa salvação e cura
de nossas feridas.
Perceba
filho, a profundidade dessa devoção: sobre o madeiro, Jesus levou
nossos pecados, por isso ter um crucifixo dentro de casa não é
idolatria, tanto que os santos quando passavam perto de um crucifixo
beijavam as Santas Chagas.
Não
por acaso que na Sexta-feira Santa, na Celebração da Paixão do
Senhor, a Cruz é levantada por três vezes para ser adorada. Sim, eu
não errei na palavra adoracion,
e depois dessa apresentação à assembleia, o sacerdote se prostra
no chão, para em seguida beijar as Santas Chagas do Crucificado.
O
sentido não é adorar a cruz pela cruz, mas o madeiro onde esteve
nosso Salvador, onde verteu Seu Sangue que nos purificou. Sobre o
madeiro levou os nossos pecados, em Seu próprio corpo, a fim de que
mortos para os nossos pecados, vivêssemos para a justiça.
“Carregou
os nossos pecados em Seu corpo sobre o madeiro para que, mortos aos
nossos pecados, vivamos para a justiça. Por fim, por suas chagas
fomos curados”.
(Is 53,5) A profecia de Isaías é citada por São Pedro com seu
cumprimento em Jesus Cristo. Na sua Cruz Cristo levou tudo que nos
impedia da vida de filhos de Deus.
Apesar
de nossa inclinação original para o pecado, sempre estará presente
o ato redentor de Cristo e nas Suas Chagas podemos nos refugiar,
colocando nas Suas Chagas as nossas chagas e vergonhas, como
maravilhosamente definiu São Bernardo de Claraval, em um de seus
sermões: “Onde encontrar repouso tranquilo e firme segurança para
os fracos, a não ser nas Chagas do Salvador? Ali permaneço tanto
mais seguro, quanto mais poderoso é Ele para salvar. O mundo agita,
o corpo dificulta, o demônio arma ciladas; não caio, porque estou
fundado sobre rocha firme. Pequei e pequei muito; a consciência
abala-se, mas não se perturba, pois me lembro das Chagas do Senhor.”
Jesus
poderia ter ressuscitado sem nenhuma marca, mas quis manter as marcas
da crucificação. Como escreve Santo Agostinho: “Cristo
transpassado por nós e pregado com os cravos sobre a cruz, descido
da cruz e sepultado, é a nossa salvação. Ele ressuscitou do
sepulcro, curado dos ferimentos e mantendo as cicatrizes”.
Ainda
nos diz Santo Agostinho: “Jesus
quis de fato ajudar seus discípulos ao manter suas cicatrizes, para
curar nos seus corações as feridas da incredulidade”.
E, Santo Ambrósio escreveu: “Quem
duvida que seja verdadeiro o corpo carnal de Jesus, apresentado aos
apóstolos para ser tocado, no qual permaneceram os sinais dos
ferimentos e os traços das flagelações? Com isso não só nossa fé
é fortalecida, mas se exalta também a devoção. Ele ao invés de
apagar dos seus membros os ferimentos que recebeu por nós, quis
levá-los ao céu para mostrar ao Pai o preço da nossa libertação.
E é neste estado que o Pai o entroniza à sua direita, enaltecendo o
troféu da nossa salvação”.
(340-397)
Por
isso e muito mais que não me canso em propagar essa belíssima
devoção de Jesus das Santas Chagas.
Deus
abençoe,
Padre
Reginaldo Manzotti