Filhos e filhas,
Nessa
semana iremos celebrar duas festas litúrgicas: a Exaltação da
Santa Cruz, dia 14/09 e Nossa Senhora das Dores, no próximo dia
15/09. Com essas duas celebrações, aprendemos a viver o sofrimento
de uma forma santificante.
Diante
da dor e do sofrimento, costumamos questionar a razão de estarmos
enfrentando tamanha adversidade. A nossa vida é feita de muitos “por
quês”. Por que esta doença? Por que minha melhor amiga se matou?
Por que meu filho nasceu com esta doença? Por que eu? Por que
comigo?
Filhos
e filhas, aqui proponho a não focarmos nestes “por quês”.
Verdade que a aridez espiritual, fruto do sofrimento, é terrível,
mas ela começa dentro do nosso coração. Então, como fazer para
lidar com a dor e o sofrimento? Contemplando a Cruz de Cristo para,
ao contemplá-la, mergulharmos neste entendimento da dor e do
sofrimento.
Ao
olharmos para o sofrimento de Jesus na Cruz, somos chamados a
contemplar também a nossa dor. Tem gente que gosta de se
“vitimizar”. Gostar da dor é considerado uma patologia, uma
doença. E existem pessoas que caminham pela vida como se gostassem
de sofrer. Cuidado! A medicina e a ciência se empenham em minimizar
nossas dores. No entanto, elas até conseguem minimizar, mas tirá-las
totalmente jamais.
Saiba
que a dor é pedagógica. Ela nos ensina. Todos querem seguir ao
Senhor Glorioso. Poucos são aqueles que querem seguir ao Senhor
Crucificado. Diante de uma dor, nossa primeira reação é a de negar
este sofrimento. E, logo em seguida, o segundo passo é o do “por
quê”. Os nossos “por quês” devem nos levar ao “para que”.
É preciso descobrir, dentro deste mistério que é o sofrimento
humano, a razão pela qual enfrentamos determinada dor. É preciso
aceitar a dor. Mas não de uma forma passiva.
Jesus
assumiu a nossa condição humana em tudo, exceto no pecado. E em
Cristo conseguimos redimensionar esta experiência dolorosa do
sofrimento na própria vida. O sofrimento nos amadurece. Diante do
sofrimento somos trabalhados por Deus em nos abrirmos ao próximo.
Jesus era tão humano, tão humano, que não media esforços para
ajudar as pessoas.
Meus
irmãos, precisamos ser mais humanos! Quantos casamentos não teriam
terminado, quantos relacionamentos entre pais e filhos não estariam
em crise, se estivéssemos mais atentos às fragilidades dos outros.
E isto se adquire como um fruto que vem da contemplação de Cristo
na Cruz. A liberdade mal-usada provoca dor, sofrimento.
Existem
muitas coisas em nossas vidas que ficarão sem respostas. Morreremos
sem saber e entender os tais “por quês”! Por isso, o importante
é o “para que” deste sofrimento.
Jesus
passou pelo Calvário e a gente se pergunta: “Para que Jesus morreu
na Cruz?” Ele morreu para revelar esta verdade: o Pai nos ama!
Por
isso, filhos e filhas, aprendamos com a dor. E uma forma é
redimensioná-la. E como fazer isso? Existem muitas formas, mas a
melhor forma de redimensionar uma dor é entregando-se por amor aos
irmãos. A dor santifica. A cruz liberta.
Deus
abençoe,
Padre
Reginaldo Manzotti
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